1929 – Artigos, entrevistas, discursos, etc
1929
Artigos de imprensa, entrevistas, discursos e outros documentos
Discurso pronunciado na 5ª sessão da Academia Jackson de Figueiredo, em São Paulo, a 21 de agosto de 1929
Maria Antonieta,
Arquiduquesa d’Áustria,
Rainha de França e Viúva Capeto1
Reverendíssimo Monsenhor Diretor da Academia,
Senhores Acadêmicos
A simples enumeração dos títulos com que foi conhecida durante sua curta vida Maria Antonieta de Habsburg, mais tarde Maria Antonieta de Bourbon, traz consigo a recordação da série de acontecimentos extraordinários e imprevistos que constituíram a trama da existência feminina mais interessante do século XVIII.
[Da rainha surgiu uma mártir, da boneca uma heroína]
Na sua primeira fase, a vida desta princesa decorreu feliz e brilhante como um sonho dourado, em que se reunissem, na mesma pessoa, toda a glória do poder, todo o brilho da fortuna e todo o encanto de uma radiosa juventude. Subitamente, porém, este longo encadeamento de venturas foi cortado por um tufão medonho, que provocou o naufrágio da Monarquia, a profanação dos altares e a derrocada de uma nobreza que, através dos séculos, vinha escrevendo com a própria espada as páginas mais brilhantes da história de França. E em pleno desabamento do edifício político e social da monarquia dos Bourbon, quando todo o mundo sentia o solo ruir sob seus pés, a alegre Arquiduquesa d’Áustria, a jovial Rainha de França, cujo porte elegante lembrava uma estatueta de Sèvres, e cujo riso tinha os encantos de uma felicidade sem nuvens, bebia, com uma dignidade, com uma sobranceria e com uma resignação cristã admiráveis, os goles amargos da imensa taça de fel com que resolvera glorificá-la a Divina Providência. Há certas almas que só são grandes quando sobre elas sopram as rajadas do infortúnio. Maria Antonieta, que foi fútil como princesa e imperdoavelmente leviana na sua vida de rainha, perante o vagalhão de sangue e de miséria que inundou a França, transformou-se de um modo surpreendente; e o historiador verifica, tomado de respeito, que da rainha surgiu uma mártir, e da boneca uma heroína.
[Filha da impetuosa Maria Tereza e do pusilânime Francisco I]
No ano de 1755, nascia no magnífico palácio de Schönbrunn, em Viena, a Arquiduquesa Maria Antonieta, filha da impetuosa Maria Tereza, Rainha da Hungria e Boêmia, e de Francisco I, soberano do Santo Império Romano Alemão. A diferença entre os caracteres de seus progenitores talvez explique as desconcertantes contradições que se encontram em todos os atos e durante toda a vida de Maria Antonieta. Maria Tereza era viril e enérgica, a ponto de fazer face, gloriosamente, ao grande Frederico da Prússia, e tal era a força com que fazia pesar sobre seus súditos a autoridade real, que estes a chamavam, mesmo nos documentos oficiais os mais importantes, de rei e não de rainha. Francisco I, ao contrário, era fraco, pusilânime e pouco inteligente. Conta-se que, quando se repetiam em sua presença as injustas objurgatórias de Voltaire contra a forma monárquica, o pobre soberano, não tendo cultura e energia suficientes para defender os princípios de que era guardião, limitava-se a dizer a seus cortesões: “Que quereis? Meu ofício exige que eu seja monarquista!”
A infância de Maria Antonieta teve como cenário a pomposa corte de Viena. A jovem arquiduquesa mostrava ser dotada de um natural bondoso, que se aliava a um gosto acentuado pelos estudos. Ainda é conhecido hoje em dia seu noivado com Mozart, o grande pianista, que sendo então apenas uma criança de cinco anos, acreditava ingenuamente estar noivo da formosa filha dos soberanos do Santo Império.
[Da pomposa corte de Viena para a requintada corte francesa]
A diplomacia de Choiseul2, o influente ministro do Rei da França, Luís XV, veio, porém, pôr um termo a esta infância sem nuvens, promovendo o casamento de Luís XVI, então ainda príncipe herdeiro, com Maria Antonieta. Evidentemente, o amor não ligara o coração dos jovens príncipes. Tratava-se apenas de um acordo diplomático em que a Áustria, fiel à sua política de casamentos, e visando exclusivamente as suas próprias vantagens, cedia uma de suas arquiduquesas, mediante determinadas compensações por parte da França.
Concluídas as últimas negociações diplomáticas, e feitas as necessárias despedidas, a jovem Maria Antonieta pôs-se a caminho do país do qual viria a ser, futuramente, a poderosa rainha. Acompanhava-a um séquito brilhante, constituído por tudo quanto a nobreza do Santo Império tinha de mais elevado. Na fronteira francesa realizou-se a curiosa cerimônia da entrega da arquiduquesa. Havia um edifício que se compunha de duas partes absolutamente idênticas, das quais uma ficava em território francês, e outra em território alemão. O séquito da arquiduquesa, penetrando pela porta alemã, conduziu Maria Antonieta até os aposentos onde ela deixou definitivamente seus trajes de princesa do Santo Império, trocando-os pelos de dama francesa. Assim vestida, Maria Antonieta penetrou, acompanhada apenas pelo embaixador austríaco, na parte francesa do edifício. Aí, toda a fidalguia a esperava, ostentando a incomparável elegância, a imensa riqueza e o requintado gosto artístico que caracterizavam a corte francesa de então.
Luís XVI, então simples príncipe herdeiro, era conhecido pela austeridade de sua conduta, e pela piedade, bondade e honestidade que ornamentavam seu caráter. Seus mais encarniçados adversários conseguiram levantar contra ele apenas três acusações: a de ser apático, glutão e habilíssimo serralheiro. No novo lar principesco, que se formava sem os vínculos de uma afeição profunda, o espírito cristão de que estavam imbuídos os nubentes supria com vantagem a ausência de amor. Maria Antonieta e Luís XVI sempre foram esposos exemplares, que construíram sobre os sólidos alicerces do respeito mútuo e da moralidade absoluta a indiscutível felicidade de sua vida familiar.
[Anos venturosos]
Os anos decorridos entre o casamento e a coroação foram, talvez, os mais venturosos de toda a curta existência de Maria Antonieta.
Formosa, poderosa, rica, bem casada e venerada pelo povo com carinhosa dedicação, a jovem Princesa tinha por única ocupação passear pelos suntuosos palácios da Coroa de França, trazendo consigo sua corte estouvada e todo o luxo fulgurante de que se cercava constantemente. Entre seus dissabores, neste tempo de venturas, contavam-se as suas freqüentes e interessantes altercações com a condessa de Noailles3, sua severa mestra de etiquetas, que a jovem princesa apelidara impertinentemente Madame Étiquette. Conta-se que, certa vez, tendo Maria Antonieta caído de um burrico que montava na presença de toda a corte, exclamou rindo, ainda deitada no chão: “Chamem ‘Madame Étiquette’, para que me explique como se deve levantar a herdeira do trono da França, quando cai de um burrico.”
[A Princesa de Lamballe, confidente de todos os momentos]
Uma das feições curiosas do caráter da jovem esposa de Luís XVI era seu desejo ardente de possuir uma amiga íntima, confidente de todos os momentos e de todas as situações. Logo que atravessou os umbrais da porta que separava o passado da arquiduquesa do futuro da princesa de França, seu olhar pousou sobre uma dama de beleza ideal, a Princesa de Lamballe4, aparentada com a Família Real e infeliz viúva de um dos fidalgos mais estouvados da França. A Princesa de Lamballe era jovem, formosa e essencialmente aristocrática na graça de seu porte, de uma elegância sem par. Seus olhos, de um azul profundo, refletiam toda a candura de sua alma sem maldade e a imensa tristeza de sua juventude sem riso. Sua delicadeza era tal que, certa vez, desmaiara de susto diante de uma pintura representando um caranguejo. Esta foi a primeira e a mais sincera das amigas de Maria Antonieta. Pouco depois, porém, era substituída pela frívola Condessa de Polignac5. A Princesa de Lamballe sofreu seu afastamento com a dignidade própria de uma grande alma: não se queixou e não se rebaixou. A Princesa de Lamballe só reaparece no cenário decepada e mutilada nas ruas de Paris, quando vinha da Inglaterra à procura da infortunada mártir, a quem a princesa perdoava assim, nas amarguras do sofrimento, a infidelidade do tempo de venturas. Aquela que desmaiava diante de um caranguejo pintado teve ânimo suficiente para arrostar o tufão revolucionário e morrer pela causa da amiga que, no tempo dos esplendores, lhe fora infiel. A Condessa de Polignac, porém, em vez de exercer sobre Maria Antonieta uma influência salutar, arrastou-a a uma jogatina desenfreada. Estava então em voga o jogo de azar extremamente dispendioso, chamado faraó. As partidas de faraó começavam à noite, na residência dos Polignac, e terminavam com os primeiros albores do dia, aos olhos da população escandalizada pela co-participação assídua da herdeira do trono. Foi esta uma fonte de merecidas censuras dirigidas a Maria Antonieta. Pouco depois, foi descoberta em um baile popular carnavalesco da Ópera aquela que devia ser rainha de França, que se divertia, aliás inocentemente, sem se lembrar da dignidade de sua posição. Pouco a pouco os rumores foram se acentuando, e quando morreu o velho Luís XV, Maria Antonieta subiu ao trono contando já com numerosas antipatias.
[Rainha de França]
Mesmo assim, foi grande o entusiasmo do povo quando os aplausos anunciaram a Maria Antonieta, a altas horas da noite, que chegara, com o falecimento de Luís XV, o momento de ser coroado rei de França e de Navarra o fraco e bom Luís XVI.
As festas da coroação foram um contraste curioso de miséria e pompa. Luís XVI, depois de sagrado e coroado rei de França, na antiqüíssima e suntuosa Catedral de Reims, na presença de toda a nobreza e de todo o clero de França, depois de ter sido ungido pelo representante do Santo Padre com o óleo que, segundo a tradição, descera do Céu no dia da conversão de Clóvis6, depois de ter recebido as homenagens dos elementos mais representativos e nobres da nação, saiu da catedral acompanhado pelo Bispo de Autun, a tocar com suas mãos as chagas de mais de dois mil doentes de toda a espécie, que esperavam enfileirados na porta da igreja a saída do Rei que, segundo a tradição, deveria curar, com o simples toque de suas mãos soberanas, determinadas moléstias. Conta-se que, como prenúncio de tristes acontecimentos, a coroa, ao ser colocada sobre a cabeça do Rei, caiu das mãos do Núncio Apostólico e, atingindo Luís XVI na testa, feriu-o a ponto de fazer correr sangue.
[A sociedade francesa gangrenada pelo espírito de Voltaire e de Rousseau]
Com a coroação, começa o longo padecimento da Rainha. O povo sofria fome, e não queria compreender que os gastos da corte eram, em grande parte, necessários para o decoro da Monarquia. O povo, sempre vítima de exploradores de torpe inconsciência, não compreendia que a nobreza gozava [de] grandes privilégios, mas que, em compensação, sustentava a expensas próprias o exército e a marinha, provendo, por outro lado, os gastos de grande parte da administração. O povo, enfim, não compreendia que o Clero, esta classe denodada que sempre lutara pelo bem, contra todos os males; pelos fracos, contra todos os poderosos; e por Deus contra seus inimigos, este Clero custeava, sozinho, as despesas dos atuais ministérios franceses da Instrução Pública e dos Cultos.§
Não, os sofismas de um espírito demolidor como Voltaire, a eloqüência lacrimejante e perversamente oca de Rousseau, haviam gangrenado toda a sociedade francesa. Esta nobreza frívola, que afetava esquecer-se de seu Deus, haveria de mostrar, dentro em breve, que se esqueceria igualmente de seu Rei, de seu passado, e do enorme peso de glórias que representavam as nobres tradições de que era depositária. Estes fidalgos, cujos antepassados tinham sido leões, a vida dissipada e irreligiosa da corte os transformara em bailarinos. E o povo, movido pela inveja mais do que pela fome, e esquecido de que representar na sociedade um papel humilde é, também, desempenhar um mandato divino, lança-se furioso contra a organização política da França.§
[Maior no sofrimento do que na glória]
O 14 de Julho, a invasão de Versailles por um bando de megeras arrastando atrás de si a vasa da população parisiense, a impor ao Rei fraco o boné frígio, e a insultar baixamente uma monarquia que estava impossibilitada de se defender; o massacre de sacerdotes inocentes, que pagavam com a própria vida o enorme crime de se terem dedicado de corpo e alma ao serviço de Deus, pregando seu santo Nome e sua Lei de paz e de amor; o assassinato de diversos fidalgos que não queriam desertar, na hora do perigo, do trono em volta do qual tinham passado a vida a dançar; este encadeamento horrível de crimes, que veio sujar as páginas da história da humanidade, abateu, porventura, a Rainha de França, a filha dos altivos Habsburg? Nunca! Nunca esta boneca de porcelana dos bailes do Trianon dobrou sua cabeça diante da ignomínia de seus inimigos. Nunca, nem um só momento, a soberana destronada deixou de ser Rainha, pois que, maior no sofrimento do que na glória, demonstrou, ao afrontar desarmada e com o filho no braço aqueles bêbados furiosos que invadiam os paços reais, que era de uma raça que não teme o perigo, máxime quando encarna uma causa justa.§
Arrastada a realeza na lama de Paris, vergada a fraca personalidade de Luís XVI sob o peso do infortúnio, o único baluarte da resistência era Maria Antonieta, que, fazendo de sua desdita um trono fulgurante para sua personalidade, afronta impávida, enorme diante do sofrimento, armada apenas com a couraça sublime da fé e da resignação cristã, a onda que ia submergir a França. Até o último momento, esta soberana quis salvar seu trono, não por interesse pessoal, mas por amor ao princípio monárquico. E isto ela o fez sem vacilar, encorajando a todos e nunca desesperando, mesmo quando a população a arranca das Tulherias, onde estava detida, e a conduz, ao som dos clamores e apupos da plebe, à sombra mortal da lúgubre prisão do Templo, mesmo quando é obrigada a ver, transida de horror e de remorso, a cabeça da denodada Princesa de Lamballe, de olhos vazados, cabeleira empoada e salpicada de sangue, e lábios lívidos, introduzida na ponta de uma haste, entre as grades da janela de sua masmorra, como testemunho da morte atroz e imerecida de sua melhor amiga. Eis, senhores, sua tortura de rainha. Foi completa, nada faltou, e tudo ela suportou com calma e resignação, arrancando, de quando em vez, brados de admiração de seus próprios adversários.
Como esposa, Maria Antonieta sofreu o maior dos martírios. Seu marido, ao qual ela dedicava todos os sentimentos de uma esposa católica exemplar, depois de ser alvo das mais cruéis afrontas, foi, enfim, arrastado a uma morte gloriosa para os pósteros, mas que parecia então absolutamente deprimente. De sua prisão do Templo, ouviu Maria Antonieta, certamente, o rufar dos tambores anunciando que a Convenção Nacional, em nome da igualdade, destruía o inocente representante da realeza; em nome da liberdade, o impedia de se despedir, à beira do túmulo, de seu povo, a quem muito amara; e em nome da fraternidade, lhe iria tirar a vida na guilhotina.
Mas, senhores, foi a mãe que, em Maria Antonieta, sofreu as mais horrorosas torturas. Quando a Convenção foi separar Maria Antonieta de seu filho, esta, durante duas horas, cobrindo com seu corpo o do inocente principezinho, lutou contra o brutal sapateiro Simon e seu bando sinistro, só abandonando o filho quando, de todo em todo, lhe faltaram forças para resistir. Longos foram os meses da separação. Só, terrivelmente só, presa à vista em um quarto horrível da prisão do Templo, a infeliz mulher tinha como consolo único, e aliás poderoso, sua oração. Até hoje conserva a França seu livro de Missa, sobre o qual caíram, com certeza, as lágrimas amargas daquela mãe que, no auge da infelicidade e do abandono, soube sempre agradecer a Deus o desamparo em que se encontrava.
Finalmente, foi ela processada pelo “Comité de Salut Public”, por trair a pátria, por ser uma nova Catarina de Médicis7, por ser má esposa e mãe e, principalmente, pelo motivo menos confessável de se opor às pretensões heréticas de certa associação beneficente secreta que não é de todo desconhecida.
[O brado magnífico do coração de mãe provoca delírio de entusiasmo]
No processo, culminou o seu padecimento. O seu filho, embrutecido pelo álcool, tornou-se um verdadeiro animalzinho que tinha como único e constante sentimento o medo. Imagine-se a cena: sobre um estrado, sentados os algozes que, no processo, se intitulavam juízes. Numa série de bancos, meia dúzia de indivíduos repugnantes, cheirando a álcool, desempenhavam o papel de jurados. A Rainha, magra, em uma longa roupa preta, de cabelos brancos inteiramente, velha na sua mocidade abatida e triste, entra com toda a majestade de sua decadência ainda altiva, ainda bela, e sempre digna e invencível, nesta jaula onde sua reputação e seu coração de mãe vão ser estraçalhados pelas feras mais desalmadas da história francesa.§
O interrogatório começa brutal, felino, perverso. A Rainha, ou responde com dignidade, ou se cala, desdenhando com seu silêncio a infâmia de certas acusações. Eis que é introduzido na sala o príncipe herdeiro dos tronos de França e de Navarra. Calçado de toscos tamancos, com um boné frígio na cabeça, um ar embrutecido e tristonho de quem, há muito, padece todos os horrores da barbaridade de um carrasco como Simon, e com a fisionomia estúpida dos alcoólatras inveterados, com uma voz chorosa, lança contra a mãe as maiores injúrias.§
Eis, senhores, o cúmulo do sofrimento. A cena, horripilante em si, dispensa comentários. Dir-vos-ei somente que a Rainha, num brado magnífico de coração de mãe ulcerado pela mais atroz das dores, lança, na eloqüência de sua alucinação, no horror de seu padecimento dantesco, um apelo a todas as mães presentes, perguntando-lhes se acreditam nas injúrias do menino. E como se a natureza humana, no fundo daqueles corações de megeras, comprimida por muito tempo, explodisse enfim, foi na sala uma chuva de aplausos e um delírio de entusiasmo. Aquele povo, que fora ao tribunal para assistir feroz ao desenrolar do processo, toma-se subitamente de um formidável entusiasmo por sua vítima, e Maria Antonieta, no banco dos réus, no auge da ignomínia, recebe uma formidável e sincera ovação de seus algozes. Que dizer, senhores, deste lance histórico?
[Amou a Deus mais nas penas do que na plenitude dos prazeres]
Veio, enfim, a morte. Deus, na sua imensa bondade, preparara no Céu o lugar digno daquela que tanto tinha sofrido, amando-O mais quando lhe enviava penas, do que na plenitude de seus prazeres. No dia 16 de outubro de 1793 cessou seu longo martírio na guilhotina, cuja lâmina, ao mesmo tempo criminosa e caridosa, cortou o fio de sua extraordinária existência.
Assim terminou a soberana mártir, cuja história lembra um minueto delicado e palaciano cujas notas harmoniosas fossem bruscamente abafadas pelo rugido pavoroso de uma horrenda farândola revolucionária.
Plinio Corrêa de Oliveira
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Ata avulsa de uma reunião de congregados marianos, acadêmicos de Direito, em 12 de setembro de 1929
[Os interesses da causa católica
na Faculdade de
Direito do Largo São Francisco8]
Reunidos os abaixo-assinados, acadêmicos de Direito e congregados marianos, na sede da Congregação Mariana da Legião de S. Pedro, à Rua Imaculada Conceição nº 5, aos 12 de setembro de 1929, para tratar da constituição de um grupo de acadêmicos de Direito, que compreendesse todos os congregados da Faculdade, para apoiar nas próximas eleições do Centro XI de Agosto um candidato à presidência que, no seu programa, fizesse certas concessões aos ideais marianos, ficou deliberado que, para se obter este “desideratum”, se tomariam as seguintes medidas:
1) As Congregações Marianas do Colégio de S. Luís e das Paróquias de Santa Cecília, da Consolação, de Santa Efigênia e das Perdizes, indicarão cada uma um representante para tratar do assunto;
2) Os representantes das cinco Congregações acima mencionadas constituirão uma comissão, encarregada de conferenciar com os diversos candidatos à presidência do Centro XI de Agosto;
3) Poderão os membros da comissão hipotecar ao candidato escolhido o apoio absoluto de todos os signatários da presente ata, sem prévia consulta a qualquer congregado;
4) As deliberações da comissão serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes às suas reuniões.
[Necessária unidade de ação de todos os congregados]
Todas as propostas acima foram formuladas após demoradas discussões entre os presentes, e os motivos que os levaram a propor as medidas discriminadas são os seguintes:
1) Se a questão da adesão a um determinado candidato fosse tratada por uma assembléia de todos os congregados acadêmicos, seria necessário: a) convocar reuniões freqüentes, às quais deveria comparecer um elevado número de congregados, o que se torna sobremaneira difícil no presente momento, em que os exames estão próximos, sendo a ausência de muitos congregados também motivo de embaraço para qualquer decisão; b) submeter à apreciação da assembléia as propostas dos candidatos, algumas das quais podem se revestir de um caráter mais ao menos reservado. Ora, diante de tais dificuldades realmente insuperáveis, uma única solução é viável: a indicação de um representante por parte de cada Congregação;
2) É de intuitiva evidência que a constituição de uma comissão formada pelos representantes se impõe como único modo possível de se encaminhar qualquer negociação com os candidatos, mantendo-se ao mesmo tempo unidade de ação entre os representantes;
3) É positivamente necessário que a comissão tenha a autoridade suficiente para hipotecar o apoio dos signatários desta ata, sem os ouvir previamente, ao candidato que lhe parecer preferível; se assim não fosse, não só não teria a comissão suficientes credenciais para tratar com os candidatos, como também não lhes mereceria a confiança exigida para receber e discutir quaisquer propostas de ordem particular.
[O ideal religioso está acima do ideal político]
Poder-se-ia certamente objetar que, desistindo os congregados do direito de escolher pessoalmente o seu candidato, ficaria diminuída a sua independência. A tal ponderação, porém, pensam os signatários desta que os seguintes argumentos servem de cabal resposta:
O que mais interessa a um eleitor verdadeiramente livre, na escolha de um candidato, é o programa que este pretende executar. Desde, pois, que o congregado sabe que o candidato escolhido pela comissão será aquele que mais se aproximar dos ideais marianos, poderá, sem diminuição de sua independência, hipotecar seu apoio ao candidato, mesmo que este ainda não esteja escolhido. Só poderia não estar de acordo com este argumento o congregado que não atribuísse aos ideais marianos, que são os ideais de todos os acadêmicos católicos práticos9, a importância que, de fato, eles têm.
Um dos congregados presentes fez ver que muitos colegas marianos já assumiram compromissos de solidariedade com os diversos partidos que se defrontam na Faculdade de Direito. Pediu, pois, o congregado, que se estudasse a situação moral em que fica o mariano colocado entre seu compromisso religioso e os interesses do partido a que se filiou. Debatido o assunto, chegou-se unanimemente às seguintes conclusões:
a) entre o interesse da causa católica e as ligações partidárias não é possível estabelecer-se comparação. O primeiro, dada a sua própria natureza, é tão superior ao segundo, que qualquer hesitação seria impossível;
b) é universalmente reconhecido que é lícito a um cidadão alistar-se em um partido, e abandoná-lo depois, para aderir a uma agremiação política nova, cujas idéias ele julgue mais de acordo com as suas próprias. Este princípio é levado às últimas conseqüências em todos os países, e mesmo nas nações de organização política a mais invejável é possível abandonar um partido por outro em que se julgue haver mais pontos de programa em afinidade com as próprias idéias, sem chocar, de leve que seja, o respeito que todos devem à palavra dada. Ora, se entre dois ideais políticos diversos é permitido se mude de atitude, que dizer da presente situação, em que os congregados acadêmicos se encontram entre um ideal religioso ao qual juraram fidelidade, e um ideal político ao qual apenas emprestaram sua adesão?
Estudado, pois, o assunto, os abaixo-assinados resolveram propor aos seus colegas congregados, da Faculdade, a constituição do bloco mariano, certos que estão de que, entre os Congregados Marianos, a menor dúvida será impossível.
São Paulo, 12 de setembro de 1929.
Walter Torres / Plinio Corrêa de Oliveira / José Cesar Lessa / Ruy Calasans / Darcy Café / … Porto / Luís Eulalio de Bueno Vidigal / Henrique de Brito Vianna / Sílvio de Bueno Vidigal
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“O Legionário”, nº 43, 22/9/1929, p. 2
Uma universidade católica10
Acompanhando-se o desenvolvimento que, entre nós, tem tido a idéia da criação de uma grande universidade, constata-se com pesar que, em muitos meios, não se cogita das brilhantes realizações que, neste assunto, têm levado a efeito os católicos europeus e norte-americanos. Para os bons católicos, no entanto, a questão universitária não pode ser indiferente, porque a ela se prendem graves problemas relativos à mocidade, esta mocidade que tem merecido do Santo Padre tão carinhosa dedicação.
A Universidade de Louvain, na Bélgica, é um dos maiores centros intelectuais católicos da Europa, e nos fornece as mais interessantes observações em matéria de universidades católicas. Os cursos de Direito, Medicina, Agronomia, Comércio e Engenharia são freqüentados por estudantes católicos que, a par de uma profunda instrução recebida nas faculdades que resolveram cursar, recebem um ensino religioso sólido, cujos efeitos salutares são secundados pelo ambiente que reina, não só na Universidade, como também em toda a cidade de Louvain. Longe dos atrativos pouco recomendáveis das grandes cidades, influenciado pelos ensinamentos de mestres de competência universalmente reconhecida e pelos exemplos de companheiros, o estudante encontra-se em um meio em que o desenvolvimento científico é esclarecido pela Fé e facilitado pela vida irrepreensivelmente morigerada de seus colegas.
Além dos cursos propriamente ditos, há, anexos à Universidade, diversos institutos de aperfeiçoamento científico. Assim, os estudantes de Direito, Filosofia e Letras podem, mediante pagamento de duzentos francos, cursar durante dois anos o magnífico Instituto de Filosofia, recebendo finalmente o diploma de bacharel em Filosofia tomista. Todos os estudantes devem freqüentar um curso de Religião que, aliás, é especialmente útil aos estudantes de Medicina, cujas numerosas ocupações absorvem todo o tempo requerido pelos estudos filosóficos. Sumidades de incontestável notoriedade orientam o curso de Sociologia. O curso de Ciências Políticas e Sociais, que é franqueado somente aos estudantes que preencham certas condições de competência, apresenta vantagens incontestáveis a todos os bacharéis, posto que, dada a sua natureza, possa também interessar aos futuros médicos e agrônomos.
Para os estudantes desejosos de completar sua formação intelectual adquirindo conhecimentos artísticos, recomenda-se o curso de Arqueologia e Filosofia da Arte. Salientam-se, por seu grande valor, diversas conferências, entre as quais se distinguem a de São Tomás, de Literatura e de Direito Internacional. São notabilíssimos os círculos de estudo de Direito, Indústrias, Literatura, Política Externa e Filosofia.
Como vemos, não pode ser mais perfeita uma universidade. Sua organização bem denota o zelo dos seus orientadores. Para exemplos como [este] é que os intelectuais brasileiros deveriam ter constantemente voltadas suas vistas. Infelizmente, porém, parece que a atenção pública é despertada de preferência pelas universidades cuja vida pode apreciar facilmente através dos filmes, sem se lembrar dos interesses superiores da Fé e dos bons costumes.
Plinio Oliveira
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“O Legionário”, nº 46, 10/11/1929, pp. 1 e 3
O Vaticano e o Kremlin
Em meio [à] efervescência política que provoca a questão da sucessão presidencial, a qual divide em partidos antagônicos as classes conservadoras do país, nota-se que uma propaganda astuta, dirigida por hábeis e discretas mãos estrangeiras, tenta lançar na sociedade brasileira os terríveis germens da dissolução social que já minam diversas nações da Europa, da América e até da Ásia.§
O vírus soviético, inoculado a princípio exclusivamente nas classes operárias e servis que, pela sua ignorância, se mostram mais predispostas a receber e sustentar os princípios bolchevistas, manifestava-se de quando em quando através de greves violentas que bem caracterizavam o espírito que animava certa parte de nosso proletariado. Hoje, porém, as labaredas do incêndio que os agentes do sovietismo moscovita tentam atear no edifício político-social brasileiro, longe de crepitarem discretamente nos meios operários, estendendo-se às universidades e escolas superiores, atingem as camadas municipais e os poderes legislativos dos Estados da União.§
Se já é assustador o triste espetáculo dos sucessos meramente políticos dos agitadores russos, o que dizer da infiltração dos ideais de Lenine no seio de nossas classes armadas? Qual o comentário que merecem os desumanos planos de massacre de superiores hierárquicos que, há meses, as autoridades do País descobriram entre os tripulantes das mais poderosas unidades da Marinha de Guerra?
[“O Legionário”: contínuo brado de alarma contra os inimigos que se introduzem na cidadela católica]
Fiel ao seu princípio, nunca desmentido, de absoluta indiferença em relação às lutas políticas que se possam travar em torno das questões de interesse para a nação, “O Legionário” certamente silenciaria a respeito da propaganda política soviética, como o faz em relação à de outros partidos, se não o chamasse à liça a voz do dever. Os sentimentos patrióticos, dos quais “O Legionário” será sempre o porta-voz, revoltam-no contra esta campanha que se esconde com habilidade, para explodir bruscamente contra as mais santas tradições de nossa Pátria. O caráter de órgão essencialmente católico, de que se reveste “O Legionário”, impõe-lhe o dever de, na medida de suas forças, dar o brado de alarma contra o inimigo astuto que, aos poucos, se introduz nesta imensa cidadela católica que, graças a Deus, é o Brasil.
[Os dois pólos do mundo político: o Vaticano e o Kremlin]
O fulgurante escritor católico que é o Sr. Tristão de Athayde, em recente e magistral trabalho sobre o momento político atual, afirmou, com uma agudeza de vistas magnífica, que os dois pólos do mundo político presentemente são o Kremlin e o Vaticano. Nada há de mais verdadeiro. Entre a civilização cristã e o caos assustador do sovietismo, há um desses abismos que nada pode preencher. As chagas sociais que a Igreja, segundo a palavra augusta e imortal de seu Pontífice Leão XIII, procura curar com o bálsamo suavíssimo das virtudes cristãs, sincera e inteligentemente praticadas, o sovietismo procura envenená-las com o sangue do massacre e avivá-las com o gume criminoso de sua espada implacável.
[Negociações entre Mons. Pacelli e o embaixador russo na Alemanha]
No entanto, telegramas vindos de Roma nos davam notícia de negociações entre Monsenhor Pacelli e o Sr. Ketinsky, respectivamente Núncio Apostólico e embaixador russo junto ao governo alemão, no sentido de se reatarem as relações diplomáticas entre o Kremlin e o Vaticano.
Telegramas posteriores anunciam que o governo soviético só negociaria com a Santa Sé se esta renunciasse a todas as prerrogativas de que gozava a Igreja sob o regime czarista e constrangesse seus fiéis a se contentarem com uma simples “liberdade relativa” dentro das igrejas.§
As referidas negociações a respeito do reatamento das relações entre a Rússia e a Santa Sé foram desmentidas pela Chancelaria Pontifícia e pelo “Osservatore Romano”. No entanto, convém tecer algumas ponderações.§
Em primeiro lugar, é notável a redação dos referidos telegramas. Eles todos fazem supor que a Santa Sé, suplicando aos “soviets” que restabelecessem as relações diplomáticas, transigia com o comunismo. Convém porém notar que o único interesse que a Santa Sé pode ter em tal reatamento é o de difundir na Rússia atual, onde os escombros sinistros do cisma russo facilitam a tarefa do ateísmo soviético, as sublimes verdades da Religião Católica. É evidente que a propaganda católica tornar-se-ia extremamente fácil em um terreno onde a falsa religião ortodoxa e o materialismo, destruindo-se mutuamente, abririam o caminho que trilharia, vitorioso, o catolicismo. No entanto, qualquer propaganda católica, pelo fato de ser católica, será ao mesmo tempo anti-soviética. As autoridades soviéticas, verificando esta verdade, sempre se furtaram a um reatamento diplomático que, aliás, nunca foi pedido pelo Vaticano.
[Aspectos do problema diplomático das relações entre o
Kremlin e o Vaticano]
Julgamos necessário salientar estes aspectos do problema diplomático das relações entre o Kremlin e o Vaticano, para pôr em destaque os quatro seguintes pontos: 1) A Igreja Católica, mantendo intactos os princípios firmados por Leão XIII em sua luminosa Encíclica “Rerum Novarum”, coloca-se em relação à questão social em um ponto de vista diametralmente oposto ao do comunismo; 2) esta posição da Igreja em face da questão social não pode, em caso algum, ser alterada, porquanto qualquer concessão feita aos ideais socialistas ou comunistas, fora dos limites traçados por Leão XIII, é, indubitavelmente, contrária aos princípios cristãos; 3) a Igreja não tentou negociar com o governo russo; 4) se o Vaticano estabelecesse relações diplomáticas com o Kremlin, de modo algum poderia este fato significar qualquer transigência da Igreja em matéria de princípios. Assim, por exemplo, o Santo Padre mantém um Núncio Apostólico junto ao rei da Inglaterra, chefe da seita anglicana, sem que, por isso, de modo algum, nossa Religião pactue com os erros do anglicanismo. Estas relações diplomáticas vêm a ser apenas uma conseqüência de um “modus vivendi”11 estabelecido entre os católicos, e sua Igreja, e o governo da nação com a qual as referidas relações se mantêm.
[Os católicos que transijam quanto à doutrina social da Igreja, atacam os fundamentos da sociedade cristã]
Como conclusão, é indispensável que se saliente que, além de péssimo patriota, será infiel à Religião Católica o brasileiro que, direta ou indiretamente, prestar seu apoio à campanha comunista que se vem desenvolvendo entre nós. Traindo os interesses de sua pátria, cujas portas abre assim aos propagandistas do saque e do morticínio, todo brasileiro que preste seu apoio a qualquer iniciativa concernente à questão social, fora dos princípios da Igreja, ataca seriamente os mais inabaláveis fundamentos da sociedade cristã.
Plinio Corrêa de Oliveira
1) (N. do E.) Este foi o primeiro discurso público pronunciado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ainda estudante de Direito. Não foi ele publicado (dispomos dele cópia das folhas em que o Autor datilografou o discurso, com assinatura na última página), mas foi noticiado pelo “Legionário”, de 25/8/1929 (p. 4): “No salão de palestras de nossa sede social, com elevado número de congregados presentes, às 20 horas e 10 minutos da quarta-feira passada, dia 21, foram abertos os trabalhos da 5ª seção ordinária da Academia. […] Dada a palavra ao congr. Plinio Corrêa de Oliveira, este produz uma bela oração, sendo sua tese um apanhado sobre os costumes e fatos do declinar da corte de Luís XVI.”
Transcrevemos em seguida parte de uma conferência, de 18/2/1984, em que o Autor descreve o episódio:
Foi na Congregação Mariana de Santa Cecília, num grupo de jovens mais intelectualizados – dirigido por um padre com dotes oratórios apreciáveis, o Pe. Roque Pinto de Barros, coadjutor da Igreja de Santa Cecília – que se adestravam em falar em público, para se habituarem depois a fazer discursos, conferências, etc., nas reuniões católicas. Eu [não me lembro] se já estava admitido como congregado mariano, ou se ainda era noviço, quando eles me convidaram para falar. Eu imediatamente aceitei. Aceitei e não tive a menor vacilação sobre o tema de que eu deveria tratar. O tema, para o gosto deles, estava errado; para o meu estava certo. Como nunca tinha falado em público, julguei que deveria fazer uma conferência escrita. Bati a conferência numa velha máquina Underwood, que eu creio que ainda se conserva em casa e que pertenceu a meu avô. Era uma máquina quase tão antiga quanto a nau de Vasco da Gama, pois era anterior ao meu nascimento… Eu ali datilografei com desembaraço, com rapidez o texto que deveria levar, e me apresentei. Lembro-me ainda do salão das Congregações Marianas; estavam todos sentados em forma de círculo, eu entrei, alguém fez uma pequena apresentação de mim, como era o estilo. Nem me lembro mais quem me apresentou. Levantei-me, enunciei o tema e notei que houve um gelo no auditório. A meu ver, um tema catolicíssimo; para eles, um desapontamento. Mas eu tinha o texto escrito e não tinha o hábito de falar em público, sem escrever. De maneira que estava chumbado ao texto e não pude improvisar. Li, mas li com desembaraço. Fiquei apenas um pouco preocupado, vendo que não estavam gostando do tema. Eles foram muito corteses e eu tive a honra – talvez o único prêmio que eu tenha recebido por oratória em minha vida –, de ser incorporado à Academia Jackson Figueiredo da Congregação Mariana de Santa Cecília.
2) (N. do E.) Étienne François, Duque de Choiseul (1719-1785) – Ministro das Relações Exteriores no reinado de Luís XV, cargo que obteve graças ao apoio de M.me de Pompadour, cortesã do rei. Amigo dos enciclopedistas, promoveu a expulsão dos jesuítas da França.
4) (N. do E.) Marie-Thérèse-Louise de Savoie-Carignan, Princesa de Lamballe (1749-1792) – viúva do Príncipe de Lamballe à jovem idade de 18 anos, foi amiga íntima e devotada de Maria Antonieta. Presa em 1792, foi cruelmente assassinada pelos revolucionários, nos Massacres de Setembro, como Dr. Plinio descreverá mais adiante.
5) (N. do E.) Yolande-Martine-Gabrielle de Polastron, Duquesa de Polignac (1749-1793).
6) (N. do E.) Clóvis (c.465-511) – rei dos Francos aos 15 anos, com a morte de seu pai, Childerico I. Sob a salutar influência de sua esposa Santa Clotilde (sobrinha do rei dos Burgúndios) converteu-se ao catolicismo, sendo batizado em Reims pelo Bispo S. Remígio. A seu exemplo, o reino franco se converteu, dando origem àquela que seria conhecida como a Filha Primogênita da Igreja: a França.
7) (N. do E.) Catarina de Médicis (1519-1589) – rainha de França ao desposar Henrique II, seus filhos foram os últimos da dinastia dos Valois: Francisco II, Carlos IX e Henrique III. Praticou inicialmente uma política de tolerância para com os protestantes, mas, ao sofrer um atentado pelos chefes huguenotes (Condé e Coligny), decidiu aliar-se ao partido católico. Porém, não querendo que o trono se tornasse feudo dos Guises, aliados da Espanha, negociou a paz com os protestantes. Todavia, hostil à política de Coligny, decidiu, com os Guises, mandar assassiná-lo e a todos os chefes protestantes, originando a Noite de São Bartolomeu (24 de agosto de 1572).
8) (N. do E.) Ata redigida pelo Autor. Na última página constam as assinaturas dos presentes à reunião. Não foi possível identificar um dos signatários que por isso não é aqui mencionado.
9) (N. do E.) Católicos praticantes.
10) (N. do E.) Entre 22 de setembro e 8 de Dezembro de 1929, Plinio Corrêa de Oliveira – então com 20 anos e estudante do 4º ano de Direito – foi redator-chefe do “Legionário”, na época ainda pequeno folheto paroquial, mensal, órgão da Congregação Mariana da Legião de São Pedro, da Paróquia de Santa Cecília, em São Paulo.
Com este artigo começa ele sua carreira de jornalista católico.
11) (N. do E.) Modo de viver.
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