Acontecimentos de 1922
Em 1822 foi proclamada a Independência do Brasil, o qual se tornou nação separada de Portugal. E, no ano de 1922, quando se cumpriu o centenário desse acontecimento, o Presidente da República, Epitácio Pessoa, resolveu organizar grandes comemorações. Foi um ano de festa nacional, mas também de glória para ele mesmo, que assim se tornou célebre.
Esse homem fez uma carreira perfeita, segundo o mundo, e creio que nenhum brasileiro chegou a possuir, no Exterior, o brilho que ele teve. Antes de ser Presidente da República, havia sido Ministro do Supremo Tribunal Federal e depois Senador. Segundo meu pai contava, ele havia se casado com uma mulher riquíssima, a qual faleceu em Paris1, assim como o filho de ambos. Algum tempo depois, casou-se em segundas núpcias com Dª Mary Pessoa, senhora muito simpática, fina, piedosa e também riquíssima.
O Epitácio era culto e distinto, de grande descortino e inteligência, sem chegar a ser genial. Falava francês maravilhosamente, tinha escrito alguns trabalhos intelectuais muito bons e convivia com a elite paulista en son plan2, com toda segurança, sendo muito respeitado por ela.
Pode-se dizer que ele constituiu, à testa do Brasil, o símbolo e a segunda edição daquilo que a nação havia apreciado outrora em D. Pedro II, do qual tinha certa nostalgia e com o qual queria sentir-se identificada: o chefe de Estado, fino e inteligente, bem cotado nos meios intelectuais e internacionais, colocado na primeira plana da ordem social do País, e muito jeitoso.
Então, esses dons, que num outro contexto histórico não teriam brilhado senão muito pouco, fizeram dele o homem certo para o momento certo. O Brasil olhou para o Epitácio, mirou-se nele e reconheceu a imagem de si próprio que estava esperando, em algumas facetas. E isso fez com que a opinião pública constituísse um consenso favorável a ele.
Entretanto, Epitácio Pessoa foi também muito denegrido por causa de um detalhe: na ocasião do Centenário da Independência, ele mandou cunhar uma moeda com duas efígies lado a lado, uma de D. Pedro I e outra dele mesmo. Isso provocou um grande falatório contra ele, sobretudo nos meios especialmente republicanos, mas em outros ambientes esse gesto foi compreendido e, no fundo, ele continuou sendo bem cotado.
A Exposição Internacional de Paris, em 1900
Para comemorar a passagem do século XIX para o XX, havia surgido no mundo a ideia de fazer uma propaganda cosmopolitizante, que atingisse todos os países e promovesse uma verdadeira revolução cultural através das exposições universais.
A maior dessas exposições internacionais foi a que se realizou em Paris, no ano de 1900, a qual atraiu toda espécie de marajás, paxás3, quedivas4 e outros potentados faustosos que ainda governavam no Oriente e que causaram enorme sensação, pois pareciam ter descido de uma nuvem fabulosa para visitar aquela exposição.
Esse acontecimento foi uma verdadeira glorificação do Ocidente no estado em que ele se encontrava, e simbolizou o progresso do mundo naquele tempo, em todos os seus aspectos, inclusive o da historiografia, a qual havia avançado prodigiosamente no século passado5, através das escavações e dos estudos de arqueologia, egiptologia, assiriologia e outros, num verdadeiro delírio. Viam-se as garras do progresso se enterrarem sem piedade nas entranhas do passado e trazerem de dentro do bojo das pirâmides, das ruínas e dos templos abandonados – sobre os quais reinava o sono dos milênios, à espera do juízo de Deus – objetos em série para a exposição universal de Paris.
Entretanto, essa apoteose da História era feita apenas para ressaltar o aspecto mais dinâmico da exposição: o triunfo da máquina, assim como a esperança do que esta ainda poderia vir a realizar, e a previsão de um mundo mecanizado. O novo universo da máquina parecia tão poderoso que nem sequer respeitava a majestade da História, mas esmiuçava pedras, esgravatava solos, destruía mitos, levantava os quadros reais das coisas e fazia soprar o vento da civilização industrial sobre os velhos alfarrábios, as múmias e as lendas dos tempos antigos.
Então, a grandeza da exposição de Paris determinou um “bimbalhar de sinos” de exposições internacionais e nacionais em vários outros países da Europa, para fazer brilhar o progresso de cada nação. Houve assim uma mania de exposições de toda ordem, às quais compareciam chefes de Estado e outras notabilidades. Depois, também se fizeram exposições – muito mais modestas – aqui na América, quer do Norte quer do Sul.
Uma temporada no Rio de Janeiro, em setembro de 1922
Eu cheguei a assistir a uma modesta repercussão disso: a Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, no ano de 1922, no Rio de Janeiro6, à qual compareceu gente do País inteiro. Naturalmente, muitos paulistas foram festejar o Centenário, inclusive minha família. Então, eu também fui no farrancho, visitar a exposição, creio que no mês de setembro.
Eu já conhecia o Rio de Janeiro, mas, nessa longa temporada, tive impressões muito marcantes sobre o que via na cidade e, notadamente, a respeito do mar. As curvas das baías, as dobras elegantes, finas e bonitas das praias, o zigue-zague do automóvel que seguia ao longo destas, berçant7 agradavelmente os paulistas que nele estavam, habituados com as ruas em ângulo reto e sem muita graça, as palmeiras, a igrejinha da Glória8, tudo isso me encantou e me impressionou profundamente.
O Hotel dos Estrangeiros e os fantasmas da monarquia
Lembro-me de uma cena doméstica.
Antes da viagem, alguns membros da família estavam reunidos junto a uma mesa, e alguém perguntou:
– Então, a qual hotel vamos?
Vovó dogmatizou:
– Hotel dos Estrangeiros.
Ora, esse prédio, de apenas dois andares, localizado na Praça José de Alencar, havia sido um grande hotel no tempo do Império, quando preponderava no Brasil a influência portuguesa. Entretanto, depois tinha decaído muito e, além do mais, já haviam sido construídos na cidade hotéis afrancesados, como o Glória e o Palace, que deixavam o primeiro longe – a perder de vista – e eram a grande novidade do Rio de Janeiro naquele tempo. Eu, inclusive, achava o Hotel dos Estrangeiros horroroso, um verdadeiro pardieiro! Aliás, fora ali que o Manso de Paiva havia matado o Pinheiro Machado, com uma faca9.
Então papai, que era o homem das novidades, disse:
– Mas, Dª Gabriela, por favor…! Hotel Glória… Hotel Palace…
Ela respondeu:
– Não! Esses não têm tradição. Vamos para o Hotel dos Estrangeiros.
Esse hotel era uma espécie de refúgio dos velhos monarquistas. Os fantasmas da monarquia pareciam povoá-lo, e por isso minha avó se sentia bem ali. O que havia nele de lindo eram umas árvores na entrada, enormes e realmente esplendorosas.
Visitas a Dª Gabriela
Lembro-me de vovó recebendo a visita da Condessa Monteiro de Barros10 e de outros personagens no Hotel dos Estrangeiros. O Conde Afonso Celso11, por exemplo, mineiro, filho do Visconde de Ouro Preto e Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, também era amigo de vovó e, ouvindo dizer que ela estava na cidade, mandou pedir-lhe uma hora para recebê-lo, pois não se viam desde o tempo em que ele era estudante. Eu tive curiosidade de ver como era o Conde Afonso Celso, como ele e vovó se saudariam e depois como conversariam.
Então, assisti à chegada do Conde.
Era um homem sui generis12. Tinha sido louro, mas estava com o cabelo branquíssimo, apesar de abundante, fazendo uma pequena crista de galo. Era muito claro e com os olhos de um azul quase transparente, parecendo feitos de vidro. Olhando para ele, eu não via bem o que havia de vivo naquela vaga azulança, nem o que o Conde estava fixando.
Ele foi ao encontro de minha avó com os ares românticos do tempo do Império, do Fagundes Varella13, do Castro Alves14 e do Navio Negreiro15…
– Dª Gabriela, como vai? Está bem?
E beijou a mão de vovó, que disse:
– Oh, Conde!
Os dois, já muito idosos e cobertos por neves pré-mortuárias, cumprimentaram-se sem calor nem entusiasmo, quase como dois mortos, e rumaram juntos para o canto isolado de um salão. Era uma cena típica de romantismo brasileiro…
Eu, fingindo brincar, procurei prestar atenção na conversa, a qual não era propriamente feita de sussurros ou cochichos, mas de vozes que estavam se apagando. No momento da despedida, vi que as mãos deles não chegavam a se apertar, e percebi que representavam qualquer coisa do passado que, na hora de voar da Terra, quase se sublimava e deixava para trás o melhor de si mesmo. Era algo difícil de descrever.
Os infortúnios da tia Olímpia, “Rainha de Sabá”
Quando o Conde se retirou, ninguém ousou perguntar a vovó – nem tinham curiosidade de saber – como havia sido a conversa, mas, na hora do jantar, ela sentou-se e disse:
– O Afonso Celso esteve aqui hoje e conversamos sobre muitos assuntos, mas a primeira coisa que ele fez foi pedir notícias da bela Olímpia, “Rainha de Sabá”.
Essa senhora, prima de vovó16, havia sido das moças mais bonitas de São Paulo, e os estudantes do seu tempo a chamavam de Rainha de Sabá. De família muito rica, casou-se com um orador fluminense brilhantíssimo17, o qual exigiu como condição do casamento que fossem morar na cidade de Campos. Entretanto, o marido morreu prematuramente, e a bela Olímpia, órfã de pai e começando a entrar na idade madura, perdeu toda a fortuna e voltou para São Paulo, com três filhos. Um deles, que chamavam de Joca18, teve quando criança uma pequena doença nas vistas – talvez conjuntivite ou coisa semelhante – e então levaram-no a um médico em Niterói, antiga capital do Estado do Rio. Entretanto, este pingou um corrosivo tão forte nos olhos do menino, que o deixou completamente cego para a vida inteira. Naturalmente, a bela Olímpia passou a ter um carinho especial por esse filho.
Eu conheci essa senhora já idosa, e me parecia muito bonita, fina e soignée, apesar de não ter a grandeza de vovó. Era realmente uma pessoa a quem a Providência quis conceder certos dons. Seus cabelos eram abundantes, divididos ao meio, penteados de maneira a formar duas nappes19, presas com um belo pente de tartaruga, e impressionantes de tão prateados. Fazia lembrar a Imperatriz Eugênia20, a tal ponto que, quando vi pela primeira vez uma fotografia desta, pensei: “Olha! Tia Olímpia!”
Às vezes, quando passeávamos pelas ruas de nosso bairro, em São Paulo, nos encontrávamos com ela, acompanhada de sua irmã, Nicota21, e dando o braço ao filho cego. Andava já muito arqueada e ratatinée22, tendo a mão esquerda apoiada numa bengalinha ou num guarda-chuva, mas com tanta suavidade e elegância, que eu tinha gosto em analisar a bela Olímpia. Também me parecia interessante ver a cegueira e a velhice apoiadas uma na outra.
A Fräulein nos obrigava a cumprimentá-los, pois sabia que Dª Lucilia não perdoaria que não tivéssemos com eles toda espécie de politesse23. Beijávamos a mão da tia Olímpia, osculávamos a tia Nicota na face e conversávamos com o Joca.
Então, naquela ocasião da visita do Conde Afonso Celso, ao saber que um homem poderia chamar uma moça – do tempo em que ele próprio era moço – de Rainha de Sabá, percebi a existência de épocas em que o belo tendia a atingir um alto nível, de modo um tanto metafísico, pois não está dito que a Rainha de Sabá fosse tão bonita, nem que tivesse sido uma grande rainha. Talvez fosse apenas a sultanazinha de uma ilhota, que foi visitar Salomão24, mas o fato de esse Rei, em toda a sua glória, receber a visita dela, dá a impressão de uma princesa mítica, coberta pelos tesouros do Oriente, e pode designar bem uma moça a quem se quer honrar.
Aliás, quando eu ouvi falar pela primeira vez da verdadeira Rainha de Sabá, imediatamente imaginei como seria: uma rainha plutôt25 morena, sendo carregada numa espécie de liteira, recostada em almofadas, trajando um vestido de seda cor-de-rosa claro, e trazendo umas joias formidáveis, entre as quais brincos com duas ametistas colossais.
Dois Sacerdotes que saíram da Companhia de Jesus
Nessa temporada, apareceu por coincidência em nosso hotel o Pe. Tommasini26, o qual havia lecionado no São Luís, mas tinha saído da Companhia de Jesus e se tornara Sacerdote secular. Eu não me dava bem conta da diferença entre secular e jesuíta. Para mim, era simplesmente um Padre, pois estava usando batina. Encontrei-me com ele no salão do hotel, onde estava à espera de algum outro Sacerdote, cumprimentei-o e perguntei-lhe onde morava, ao que ele respondeu que agora era Vigário.
Aliás, esse Padre apareceu duas ou três vezes em nossa casa, em São Paulo, para fazer visita a vovó e conversar com mamãe.
Nesses dias, eu soube, por um primo meu27 que estudava no colégio dos jesuítas em Nova Friburgo28, que outro Sacerdote do São Luís, um francês chamado Père29 Andrieu30, também havia saído da Companhia. Então, retornando às aulas no colégio, durante o recreio, contei o ocorrido a outros alunos e, inclusive, perguntei a um Padre:
– É verdade que o Pe. Tommasini saiu da Companhia de Jesus?
Ele se surpreendeu e disse:
– Quem contou isso a você?
– Ouvi do próprio Pe. Tommasini. E, sobre o Pe. Andrieu, o meu primo me contou.
– Mas, por que você conta isso para outros?
– Porque a gente conversa sobre aquilo que acontece.
– Não. Quando a gente quer bem a um outro, não conta qualquer coisa, mas apenas o que fica bem.
Algum tempo depois, ele se aproximou de mim e perguntou-me, baixinho:
– O que disse a você o Pe. Tommasini sobre a vida que ele está levando? Em qual paróquia ele está? Não comentou nada de novo?
– Não sei bem. De fato, estive com ele apenas uns instantes.
E a conversa se encerrou, mas percebi que os Padres estavam de sobreaviso em relação a alguma coisa.
Na Exposição Internacional
A Exposição do Centenário da Independência, embora muito pobrezinha em comparação com as europeias, foi feita para mostrar ao mundo como era o Brasil de 1922. Sendo nosso país um grande importador, as firmas estrangeiras estavam empenhadíssimas em disputar o mercado e, assim, os Estados Unidos e muitas nações da Europa e de outras partes do mundo haviam mandado construir nela pavilhões e prédios, para exporem o material de sua propaganda.
As indústrias brasileiras e, em especial, as de São Paulo, apesar de serem muito incipientes e quase caseiras naquele tempo, ocupavam já um lugar de proeminência. Havia também algo de exposição rural, e em tudo a riqueza era mais afirmada do que a cultura, ao ponto de, nessa ocasião, qualquer grande potentado das finanças ser mais célebre do que um grande artista. Aliás, a indústria paulista também havia construído um prédio do mais autêntico estilo florentino, para expor seus produtos em São Paulo31.
Como em toda exposição, havia nela algo de festa, inclusive para as crianças, e eu me lembro da roda-gigante e de um anão de nome Pampolino
Uma recordação: o jeitinho de Dª Lucilia
Eu tinha um primo, filho de um irmão de mamãe32, chamado Yelmo e apelidado de Mimito, um ano e meio mais moço do que eu.
Em certa ocasião, quando ele já tinha idade de ser avô, encontrou-se com certa pessoa, a qual lhe perguntou se ainda se lembrava de mamãe. Ele respondeu:
– Tia Lucilia? Lembro-me perfeitamente dela! Era uma senhora extraordinária, uma santa! Nunca encontrei em minha vida afeto igual ao que ela manifestava por mim!
Então contou um fato da sua própria infância – do qual eu me lembrava confusamente, e que saiu das brumas da minha memória quando o ouvi repetir, mas que ele recordava como se tivesse acontecido no dia anterior.
No ano de 1922, os pais dele33 também foram ao Rio de Janeiro para a Exposição do Centenário, numa viagem de repouso, depois da nossa. Entretanto, não tendo quem cuidasse das crianças – dois filhos e uma filha34 – deixaram-nas hospedadas em nossa casa, o que vovó aceitou como a coisa mais natural.
O mais velho dos três, Yelmo, tinha ganho recentemente uma bicicleta e, certa vez, sem tomar em consideração o feitio muito autoritário de minha avó, foi dar um giro e perdeu a hora do almoço. Estávamos sentados à mesa, quando, em certo momento, minha vovó disse:
– Por que Yelmo não está aqui?
Foi então que eu me dei conta da ausência dele. Fiquei quieto, pois não tinha nada a ver com o caso, e ela perguntou a mamãe:
– Lucilia, Yelmo não está presente?
– A senhora está vendo: ele não se encontra aqui.
– Espere-o chegar! Vai ver o que lhe custa isso.
Algum tempo depois, ele chegou, muito atrasado. Quando entrou, antes de sentar-se à mesa, minha avó lhe disse:
– Yelmo, onde você andou?
– Fui dar um passeio de bicicleta.
– Onde você foi com essa bicicleta?
Ele respondeu de pé, esperando a licença para sentar-se:
– Em tais ruas assim…
– Mas, na hora do almoço? Você não sabe onde está? Não se dá conta de que está em casa de sua avó, lugar de sumo respeito, e que não tem o direito de chegar atrasado às refeições? Isso é um desaforo! Saiba respeitar a sua avó e todas as pessoas que estão a esta mesa, comendo há tempo, sem que você apareça!
Ele ficou esmagado, pois não imaginava ouvir aquela repreensão, diante de todo o mundo, e disse:
– A senhora me desculpe.
– Não, senhor! Isso é como dizer-me que fique quieta, pois você já pediu desculpas! Este caso não acabou! Depois do almoço você vai ver o que é punição! Agora sente-se e coma depressa, sem conversar, para não atrasar o serviço da mesa.
O resultado foi que ele, meninote, desatou no choro, desabotoadamente. Isso produziu nos presentes um certo movimento, muito brasileiro, de compaixão. Mas a dona da casa vigiava os olhares e todo o mundo ficou quieto. Então ela acrescentou:
– Um homem não chora! Pare de chorar!
Naturalmente, chorou ainda mais, pois a tragédia estava se tornando maior, e saiu da sala. Olhei para mamãe: ela se conservava numa neutralidade muito calma, irradiando tranquilidade em torno de si. E, quando a conversa mudou de assunto, disse:
– Com licença, vou ver uma coisa lá dentro.
Todos tomaram isso com naturalidade e nem notaram que ela ia atender o rapazinho. Mamãe se levantou e eu percebi que foi ao corredor contíguo à sala de jantar, onde estava ele, chorando debandadamente. Ela o deixou chorar um tanto e depois lhe fez um sinalzinho no braço, dizendo com muito afeto:
– Yelmo, sua tia precisa falar com você.
Sentou-o no seu colo, bem junto ao seu peito. Ele se agarrou ao pescoço dela e chorava ainda mais. Mamãe o consolou e o tranquilizou:
– Meu filho, você precisa compreender que sua avó é
assim mesmo, uma senhora dos antigos tempos, e não permite nada que não esteja inteiramente na linha. Mas ela faz bem, e você não deve chegar atrasado às refeições.
Ela sempre mantinha os princípios, mas depois continuou:
– A sua tia está aqui, com pena de você! Sossegue um pouquinho, não se incomode, volte lá para a mesa e a sua avó não vai dizer mais nada. Acabe de comer e depois vá dormir, que isso passa.
Ele parou de chorar, entrou com ela na sala de jantar, sentou-se e começou a comer com um apetite de leão, sem falar, enquanto mamãe já foi prestando atenção no que se conversava, para evitar que a prosa voltasse a recair sobre o menino. O ambiente da mesa se recompôs e minha avó se acalmou.
O jeitinho de Dª Lucilia tinha resolvido o caso.
Esse pequeno episódio marcou a infância daquele menino. Dizia ele que sentiu tanto calor de afeto, tanta calma e tranquilidade fluindo dela para ele, que guardou a vida inteira a recordação dessa bondade incomparável.
O primeiro voo transatlântico
Nesse ano de 1922, dois aviadores portugueses, Sacadura Cabral e Gago Coutinho35, resolveram voar diretamente da embocadura do Tejo, perto da Torre de Belém36, para o Brasil. Fizeram assim o primeiro voo transatlântico, uma vez que Lindbergh37 não havia realizado ainda a travessia do Atlântico Norte, a qual só se deu em 1927.
Lembro-me da torcida que esse grande feito causou no Brasil. Aliás, eu vi os dois aviadores no Hotel Parque Balneário, em Santos, mas não fui apresentado a eles.
Dois abalos na Primeira República
Toda a gala e a pompa das comemorações do Centenário da Independência influía nas mentalidades e nos costumes, e concorria para dar uma atmosfera vagamente tradicional à Primeira República, que morreria depois, em 1930. Entretanto, no meio do ambiente de festa, dois abalos primeiros anunciaram essa futura derrocada.
O primeiro deles foi a revolução no Forte de Copacabana, no próprio ano de 192238. Esta constituiu um grande acontecimento, mas era como uma pedrinha que se movia no alto de uma montanha.
Outro abalo foi a Semana de Arte Moderna39, no mesmo ano. O empreendimento também foi pouco significativo na aparência, mas era outra pequena pedra em movimento, no alto da montanha.
A implantação da arte moderna foi uma pista em que se desenrolou a Revolução nas tendências no Brasil, com todas as suas consequências. Mas, para situar bem essa problemática, eu devo lembrar algumas noções a respeito de arte, e da relação desta com a Revolução40.
Um princípio de arte e estética
Há duas palavras da língua francesa, beau e joli, que correspondem aproximadamente, no português, ao “belo” e ao “bonito”. Qual é a diferença que há entre as duas?
Ao se entrar, por exemplo, numa sala decorada de maneira a produzir, à primeira vista, uma impressão agradável por ser bem arranjada, acolhedora e afável, própria a lisonjear os sentidos, diz-se que essa sala é jolie, mas ela não chega a ser belle – feminino de beau. Belle se diria de uma sala que não apenas causa uma impressão agradável sobre os sentidos, mas, na qual, feita a análise pela inteligência, nota-se a conformidade das disposições com os princípios da estética.
Ou seja, a estética possui exigências próprias, cognoscíveis pela mente humana, que podem ser reduzidas a princípios, os quais, por sua vez, são relacionados com a metafísica e, portanto, com o terreno mais alto do cogitar humano. Então, fazendo a relação da decoração da sala com esses princípios da estética, pode-se ter uma noção profunda da ordem e da coerência dela com os próprios princípios constitutivos do ser. Assim, alguém pode se comprazer inteiramente nessa sala, pois ela é conforme à ordem universal, à nossa inteligência e à nossa natureza.
Logo, vê-se que o beau é uma beleza profunda de substrato metafísico, enquanto o joli é uma beleza que apenas agrada os sentidos.
O princípio anterior aplicado à Revolução
Nesse sentido, nas causas profundas da Revolução nota-se sempre o seguinte movimento: em primeiro lugar, há um esquecimento completo, à maneira de amnésia, do significado mais profundo desses princípios, trazendo consigo, então, uma sobrevivência apenas daquilo que é superficial. E essa sobrevivência, por estar desligada das suas razões mais profundas, vive ou se manifesta somente em virtude do costume e da rotina. Ora, aquilo que se baseia só na rotina produz fadiga, saturação e, portanto, um desejo de novidade.
Porém, uma vez que esse desejo procede da saturação, ele não é apenas uma vontade de caminhar e de fazer algo de diferente na continuidade do que existe – o que seria sadio –, mas é um desejo do contrário do antigo, e produz, em consequência, uma ruptura com a tradição.
No caso concreto da Revolução, não se trata apenas de uma ruptura com a tradição, mas de uma ruptura mais profunda com a ordem metafísica ou revelada.
Essa é a pré-história de todo surto revolucionário. Quando uma instituição, uma ideia ou um sistema artístico passam por esse verdadeiro processo de putrefação, eles estão reduzidos a um esqueleto, talvez imponente, mas fácil de derrubar, pois, no fundo, todo mundo quer a sua destruição. Então, surge o demagogo que chefia um movimento e derruba essa instituição, ideia ou sistema. E depois aparece o bobo, o qual comenta: “Quem haveria de dizer que uma coisa tão enorme cairia de um momento para outro?”. Evidentemente, esse homem não analisou a “coisa” em profundidade e não compreendeu que ela estava vazia. Esse comentário é uma oração fúnebre, de autoria de um imbecil41.
O bonito e o belo na produção artística do Brasil
Esse fenômeno se deu com as convicções artísticas no Brasil.
Ao analisar o estilo colonial brasileiro, encontra-se em muitas das obras produzidas uma consonância tão profunda com os princípios do belo e da metafísica, que se pode dizer, sem orgulho patrioteiro, mas com toda objetividade, tratar-se de autênticas obras-primas.
As obras do Aleijadinho42, por exemplo, como escultura e como arquitetura, estão neste caso. Elas têm um direito franco de assento, à vontade, no cenáculo das obras-primas internacionais. Mas isto também se poderia dizer das mais altas expressões da arte colonial baiana ou do Rio de Janeiro, assim como de muitos outros objetos mais modestos: móveis, pinturas, joias e tecidos, produzidos em grande quantidade no Brasil, os quais são verdadeiras obras de arte.
Isso indica que, apesar de toda a decadência pós-medieval e, sobretudo, do naturalismo que foi penetrando toda a cultura, ainda existia, até certa parte do século XIX, um fundo de ligação entre a arte e os princípios da metafísica, favorecendo a produção de obras que agradavam também os sentidos, mas que eram fundamentalmente belas. É preciso reconhecer que isso não deixava de ter certa relação com o caráter aristocrático da sociedade colonial.
Entretanto, a partir de 1830 ou 1840, aproximadamente, a separação do Brasil de Portugal cortou as raízes lusas de nossa inspiração artística.
Por outro lado – e isto foi muito mais grave – uma mesma influência começou a penetrar no Brasil, em Portugal e no mundo inteiro: o espírito burguês do século XIX. E, se há algo que caracteriza esse espírito, nos seus aspectos mais desfavoráveis, é a recusa da metafísica. O burguês era acima de tudo o homem que não remontava a princípios, mas se preocupava apenas com bases práticas, em cuja concepção o útil resume tudo.
Começou então a influência burguesa a fazer-se sentir no Brasil por mil condutos e, inclusive, devido às comunicações cada vez mais fáceis com a Europa. A navegação transatlântica, muito regular, favorecia a importação das modas e dos modos do Velho Mundo, sobretudo da França e da Inglaterra.
Assim foi, por exemplo, a entrada dos móveis feitos a máquina e industrializados, diferentes dos antigos produtos do artesanato, que custavam trabalho, paciência e dinheiro. Então, começou a aparecer um estilo europeizante, muito mais joli do que beau, numa superprodução. Chegavam bagatelas e produtos ordinários, fáceis de fabricar, aparecendo às vezes junto aos produtos finos, apresentando o joli ao lado do beau.
Porém, onde há bonito e belo ao mesmo tempo, o primeiro é muito mais frequente do que o segundo. E – o que é pior – o gosto do bonito acaba por matar o encanto pelo belo, pois, onde há bem e mal misturados, o mal acaba por ser mais abundante do que o bem, e atraindo mais do que este. Isso é evidente. Uma pessoa não precisa ter espírito profundo para entrar numa sala e experimentar a agradável lisonja dos sentidos. Entretanto, para julgar as coisas segundo os princípios da estética, é preciso ter, pelo menos, certa tendência à profundidade.
Ora, dentro de um contexto burguês, é muito mais convidativo não ser profundo, mas ser leve e superficial.
Pode-se exemplificar essa afirmação com o caso das pinturas. A mais modesta das pinturas supõe a aplicação e um mínimo de dotes artísticos reais. Por causa disso, até então não era muito frequente haver quadros nas casas. Entretanto, a partir do momento em que se encontrou a possibilidade de fazer impressão a cores, começaram a aparecer quadrinhos insignificantes, em quantidade: via-se neles, por exemplo, uma meninota brincando junto a um rio, segurando na mão um passarinho. O rio era engraçadinho, a menina era coradinha e o campo era verdinho, mas aquilo não tinha sentido nem valor, sendo apenas uma pura lisonja das sensações materiais.
Nessa época, a indústria nacional nascente produziu um mundo de bibelôs, os mais ordinários possíveis. Entrava-se na casinha mais pobre, às vezes na choça de um caboclo, e encontrava-se um objeto desses, representando um menino ou uma menina dando risada, com um mosquito de metal no nariz. As pessoas que tinham pouco dinheiro compravam esses objetos, à míngua do resto.
Inventou-se também o papel de parede impresso, podendo ser fabricado em jardas ou quilômetros, e representando uma casinha, um bosque, um passarinho, uma gaiola, lacinhos. Esses enfeites, que antigamente eram representados em damascos e custavam caro, a ponto de poucas pessoas os possuírem, agora eram expostos por toda parte.
Então, em todo lugar encontrava-se um objeto bonito e enfeitado, sem ser belo, o qual, depois de ser olhado, causava saturação, pois inspirava apenas um gosto superficial e trazia um esquecimento dos princípios da estética.
Eu mesmo tive essa sensação de saturação, encontrando o bonitinho por todo lado.
As grades enfeitadas, a linha da praia e o copo de cristal
Lembro-me de estar andando pelas ruas de São Paulo, com minha irmã e minha prima, olhando para lá e acolá. Eu via as grades dos jardins das casas e pensava: “Não há uma dessas grades que tenha uma vara reta, que suba de uma vez! E sempre um enfeite, uma flor, uma folha, uma ninfa… Essa produção de beleza em série não dá sossego! Não haverá um momento em que se descanse da beleza, para poder apreciá-la? É como se quisessem me empanturrar de açúcar: estaria farto dele e pediria sal, ou vinagre que fosse!”
Em mim, essa reação era violenta. Depois, continuava olhando e me dizia: “Essas florezinhas… Se nascesse do chão uma flor de ferro, mandariam eliminá-la, mas, se têm um pedaço de ferro na mão, fazem dele uma flor e põem-na na grade. Que idiotas são esses?!”
Também, passeando na praia de José Menino, em Santos, eu ficava encantado de ver uma linha tão simples, e o mar tão grandioso… Percebia que ali tudo era belo e em nenhum lugar havia enfeites, e pensava: “Essa gente vai encarapitar um prédio na ponta daquela ilha, o que irá enfeá-la. Deixem a ilha sem enfeites! Estou farto de topetinho, de pluminha e de florzinha!”
Lembro-me de um objeto que comprei no Rio de Janeiro, na Exposição Internacional de 1922: um copo de cristal vermelho e transparente. Levei-o para o hotel e, olhando-o, pensei: “Como isto é trabalhadinho e cheio de enfeites! Onde poderei chegar a ver uma superfície lisa, com uma linha simples e um desenvolvimento normal, e não toda amassadinha? Estou saturado de coisinhas bonitinhas! Quem me dera ver um mundo liso! Quem me dera ver uma janela com formato natural, tendo uma cortina sem rendas, apenas um voile43, sem mais nada!”
A Semana de Arte Moderna
Como resultado dessa saturação geral, por volta de 1922 tudo estava preparado, em profundidade maior ou menor, para o aparecimento de outro estilo. Foi então lançada a Semana de Arte Moderna44, a qual era capitaneada por uma senhora paulista muito tradicional, com o prestígio de grande dame45 de outrora.
Era a dinâmica da Revolução, nos processos de decadência: tinha sido dado ao homem algo de que ele precisava – o bonito – mas de modo exagerado, até saciá-lo. Então, esse lançamento era como um primeiro brado revoltoso de autodemolição, que dizia: “Acabemos com os enfeites!”
E muita gente aprovou. A burguesia gozadora estava preparada para a derrubada do joli e para o aparecimento de formas que o linguajar dos críticos de arte chamava de “despojadas” e “austeras”.
Porém, essa arte que ia entrar era baseada no princípio filosófico da negação da validade da estética, sob o pretexto da funcionalidade. Ora, esse princípio é profundamente rejeitável, pois todo estilo verdadeiro deveria ser um casamento da estética com a funcionalidade. E, no caso da arte moderna, o funcional fazia o papel do marido despótico, enquanto a estética representava a esposa comprimida e escravizada.
Como tantas vezes acontece com a Revolução, sob o pretexto de uma reação explicável vinha o erro: a funcionalidade absoluta e a eliminação da estética, o que era uma verdadeira monstruosidade.
Adeus ao Colégio São Luís
Naquele tempo, não existiam os cursos ginasial e colegial, mas apenas o curso secundário, o qual se compunha de um ciclo de cinco anos.
Ora, já no meu terceiro ano46, eu não estava contente. Pelo contrário, sentia-me profundamente desagradado, decepcionadíssimo e saturado com os vários inconvenientes do meu colégio, sobretudo com as lacunas que eu percebia em relação à Fé no ambiente dos alunos.
Então, em certo momento, quando estava por chegar ao quarto ano do curso secundário47, pensei: “Isso já não vai mais! Acabou-se! Não aguento! Vou seguir o quarto e o quinto ano em outro colégio!”
Resolvi falar com minha mãe e lhe pedi licença para ser transferido a outro colégio.
Curiosamente, ela possuía uma espécie de intuição pela qual, quando eu lhe pedia algo que fosse ordenado, ainda que parecesse extravagante, ela o concedia. E, nessa conversa, percebi que desejava saber com qual mentalidade eu fazia aquele pedido, pois, se esta fosse boa, concordaria comigo ainda que não entendesse as minhas razões. Com muita naturalidade e alegria, mamãe consentiu.
Então, deixei o Colégio São Luís.
1 Dª Francisca Justiniana das Chagas, falecida em 1896.
2 Em francês: em seu próprio nível, de igual para igual.
3 Governadores das províncias turcas.
4 Título dado aos antigos vice-reis do Egito.
5 O século XIX.
6 A Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil foi oficialmente aberta em 7 de setembro de 1922, e seu encerramento deu-se na primeira semana de julho de 1923.
7 Em francês: ninando.
8 A Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Bairro da Glória.
9 No ano de 1915, o Senador José Gomes Pinheiro Machado foi assassinado com uma punhalada nas costas por Francisco Manso de Paiva Coimbra, um dos seus inimigos políticos, no saguão do Hotel dos Estrangeiros.
10 Maria Eugênia Monteiro de Barros (1848-1925), Condessa pela Santa Sé.
11 Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior (1860-1938), Conde pela Santa Sé, poeta, historiador e político, e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
12 Em latim: especial, singular.
13 Luís Nicolau Fagundes Varella (1841-1875), poeta brasileiro.
14 Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), poeta brasileiro.
15 O Navio Negreiro é um poema de autoria de Castro Alves, famoso na literatura brasileira, o qual trata da situação dos escravos africanos.
16 Olímpia Ribeiro dos Santos de Magalhães (1842-1923) era prima irmã de Dª Gabriela, por parte de pai, e avó de Sérgio de Magalhães, colega de Plinio no Colégio São Luís.
17 Custódio Marcelino de Magalhães.
18 João Ribeiro de Magalhães.
19 Em francês: toalhas, capas.
20 Eugênia Maria de Montijo (1826-1920), esposa de Napoleão III, Imperador dos Franceses.
21 Ana Cândida Ribeiro dos Santos (1857-1938).
22 Em francês: encarquilhada.
23 Em francês: cortesia, delicadeza.
24 Cf. I Rs 10, 1-13.
25 Em francês: mais para; tendente a.
26 O Pe. Salvador Tommasini fazia parte da comunidade do Colégio São Luís desde o ano de 1905, quando o estabelecimento funcionava na cidade de Itu.
27 Marcos Ribeiro dos Santos, filho de Dr. Gabriel, irmão de Dª Lucilia.
28 Trata-se do Colégio Anchieta, construído no ano de 1901 em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro.
29 Em francês: Padre.
30 O Pe. Leão Andrieu fazia parte da comunidade do Colégio São Luís desde o ano de 1918.
31 O Palácio das Indústrias (localizado no atual Parque D. Pedro II), cuja construção em estilo florentino foi iniciada pela colônia italiana em 1914, abrigou a III Exposição Internacional de São Paulo em 1920 e foi inaugurado oficialmente em 1924. Era destinado a exposições e reuniões comerciais, industriais e agrícolas.
32 Dr. Antônio Ribeiro dos Santos Júnior (1877-1948).
33 A mãe era Dª Dalmácia Negreiros Ribeiro dos Santos (1877-1970).
34 Chamavam-se respectivamente Yelmo, Marcelo e Dalmácia.
35 O aviador Artur de Sacadura Freire Cabral (1881-1924) e o navegador Carlos Viegas Gago Coutinho (1869-1959), ambos oficiais da Marinha Portuguesa, realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, a bordo do hidroavião “Lusitânia”.
36 Em Lisboa (Portugal).
37 Charles Lindbergh (1902-1974), aviador norte-americano, realizou a primeira travessia do Atlântico Norte sem escalas, a bordo do aeroplano “Spirit of Saint Louis”.
38 A revolta no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 5 julho de 1922, foi realizada por alguns militares, reivindicando direitos e insurgindo-se contra as classes que detinham o poder.
39 Realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922.
40 A dissertação a seguir, extraída de uma palestra de Dr. Plinio no ano de 1972, a respeito de arte e estética, não tem relação direta com as recordações autobiográficas do Autor, mas os compiladores do presente trabalho optaram por inseri-la na sequência da narração por serem de grande utilidade para a boa compreensão dos fatos que lhe servem de conclusão.
41 Até aqui, a dissertação de Dr. Plinio sobre princípios de arte e estética.
42 O escultor e entalhador Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), apelidado de Aleijadinho, é um dos mais famosos artistas barrocos do Brasil.
43 Em francês: véu, cortina de tule.
44 De 13 a 17 de fevereiro de 1922.
45 Em francês: nobre senhora.
46 Em 1922.
47 O ano de 1923.
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