Aurora de uma grande admiração
A Casa d’Áustria era a dinastia que reinava tradicionalmente no Sacro Império Romano-Alemão, desde o século XV1. O trono mais elevado e mais sacral da Europa se tornou praticamente hereditário nessa casa dos Habsburg, a qual era tida, por causa disso, como a família mais nobre do mundo.
O Imperador do Império Austro-Húngaro2, Francisco José3, faleceu em 1916, após um longuíssimo reinado, sendo sucedido no trono pelo sobrinho-neto dele, o Arquiduque Carlos de Habsburg4, último Imperador, casado com a Princesa Zita de Bourbon-Parma5, irmã dos Príncipes Sixto6 e Xavier7.
O nome Bourbon-Parma é de uma alta significação e forma um conjunto embriagador. Um dos ramos descendentes de Luís XIV se tornara dono do pequeno e muito poético ducado de Parma8, na Itália do Norte, o qual, até o fim da Idade Média, era uma espécie de Paris do tempo, cheia de charmes, doçuras, perfumes e glórias, verdadeira quintessência da elegância, da distinção e da beleza medievais.
Esse ramo foi deposto por Garibaldi no Risorgimento9, e os Duques de Parma mudaram-se para a Áustria. O pai de Zita10, casado com uma dama da Casa de Bragança11, era riquíssimo, de grande condição social e gozava de alto padrão de vida. Por exemplo, ele só viajava em trens particulares, nos quais levava inclusive seus cavalos.
A Imperatriz Zita era uma mulher muito enérgica, combativa e contrarrevolucionária, empenhada em inspirar ao marido toda espécie de atos de firmeza contra a Revolução. Ele, entretanto, era um homem de vida privada muito digna e correta, católico praticante e piedoso, mas não possuía a energia da Imperatriz, da qual se poderia dizer que era a espinha dorsal dele. Ambos constituíam um casal muito unido e feliz.
Simpatia pelo Império Austro-Húngaro
Desde as primeiras impressões e a partir da primeira fotografia que eu vi, tive uma simpatia instintiva e enorme pela Áustria e pelo Império Austro-Húngaro, e um encanto que se foi transformando numa tomada de posição.
Entretanto, as críticas contra a Áustria eram numerosas em torno de mim, pois esta era apresentada pela imprensa como uma nação colonialista, a qual dominava escravizando e havia conquistado sucessivamente vários reinos, a começar pela Hungria. Insinuava-se que, em certo momento, as tropas da Áustria tinham invadido esse país, como também a Boêmia e as demais províncias do Império, uma após outra, e que todas elas se mantinham indignadas e sempre prontas a revoltar-se contra a soberania dos Imperadores, os quais mal conseguiam submetê-las debaixo de seu jugo.
Assim, propagava-se a ideia de que a Áustria esmagava toda aquela gente e manifestava-se pena e compaixão da Hungria, da atual Tchecoslováquia12 – chamada de Boêmia naquele tempo – da Sérvia e da Bósnia-Herzegovina.
Todavia, eu não me associava àquelas melúrias e ouvia essas críticas sem acreditar nelas, mas não sabendo o porquê da minha implicância. E pensava: “Ainda sou pequeno e não entendo bem isso, mas sei que estão mentindo. Um dia eles verão!”
A queda da monarquia austríaca e o exílio de Carlos I
Entretanto, caiu o Império austríaco e os Habsburg foram destronados, o que eu lamentei muito, com desagrado e indignação, pois percebia que acabava um grande esplendor.
Quando foi proclamada a República na Áustria, o Imperador Carlos e a Imperatriz Zita foram depostos e exilaram-se na Suíça13, onde passaram a viver numa condição modesta, protegidos pelas leis desse país, muito liberais para com os refugiados políticos.
Os funerais do Imperador Francisco José
Lembro-me que, mais tarde, a Fräulein von Ziegler me levou com minha irmã Rosée e minha prima Ilka ao Teatro São Pedro, no Bairro da Barra Funda, próximo de nossa casa, para assistir a um filme que mostrava os funerais do Imperador Francisco José, que havia morrido no segundo ano da Primeira Guerra Mundial.
Naturalmente, esse filme não tinha chegado ao Brasil durante o conflito, pois as comunicações com a Áustria haviam sido cortadas. Mas, quando estas se restabeleceram e a Fräulein ouviu dizer que o filme já estava em São Paulo, não se conteve e quis muito convidar-nos a ir vê-lo14.
Se não me engano, a fita durava uma hora e meia. Essas cenas se fixaram um pouco na minha memória visual, mas, sobretudo, na minha memória intelectiva.
Era um enterro feito com toda a pompa e solenidade do regime de paz, embora a Áustria estivesse em guerra.
E a nossa governanta, que era de pequena nobreza e tinha estado na corte, dizia-se muito informada e afirmava conhecer todo o protocolo dos funerais de uma pessoa da Casa d’Áustria. Estávamos numa frisa do teatro, e ela, sentada ao meu lado, ia nos explicando as cenas em alemão, falando baixinho. Então dizia, por exemplo:
– Agora, vai aparecer tal pessoa… E agora, tal outra… Aquele é o duque tal. Estão vendo aquele homem, vestido de tal modo assim?
Eu respondia:
– Estou, sim.
– É o conde tal. Daqui a pouco, em certo ponto, quando o cortejo do funeral passar em frente àquela igreja, vocês verão que ele vai voltar-se para trás e fará uma saudação à princesa von tal, essa senhora que também está no cortejo, a qual vai responder ao cumprimento.
Então eu dizia:
– Mas, é combinado?
– Tudo isso faz parte da etiqueta e é regulado pelo protocolo, de acordo com o que se passou ao longo dos séculos. Assim, já está marcado o lugar exato em que cada um tem de cumprimentar o outro, pois são descendentes daqueles que já o fizeram antes.
Eu estava assanhado com aquilo, pois me parecia eletrizante ter uma governanta que pertencia àquele ambiente e descrevia o que havia presenciado. Mas, embora nós tomássemos como verdadeiro ao pé da letra o que ela dizia, permanecíamos olhando, na torcida, para ver se a tal pessoa ia mesmo cumprimentar, ou não. Se fracassasse a etiqueta, como ficaria a Fräulein? Além do mais, ela sabia que eu lhe cobraria:
– Fräulein, como é que não cumprimentou? O que aconteceu?
Lembro-me que o cortejo continuava por uma rua de Viena, onde havia casas muito comuns e, em certo momento, quando passava diante da igreja citada, víamos o conde nomeado, que se voltava para trás e cumprimentava a senhora indicada, tirando o chapéu. E ela respondia, fazendo uma reverência. A governanta achava tudo tão normal, que não olhava para nós nem percebia a nossa torcida, mas dizia, com muita naturalidade:
– Estão vendo? Aconteceu.
O funeral seguia seu curso e nós ficávamos pâmés15 de admiração.
Depois ela acrescentava:
– Agora o cortejo vai passar em frente a tal outra igreja e a senhora tal vai persignar-se.
Ao chegar lá, uma senhora de luto se persignava… Em nenhum momento a Fräulein errou um ponto! Via-se que, de fato, ela conhecia perfeitamente vários daqueles nobres personagens que figuravam no cortejo, assim como os costumes da corte e a pompa funerária, na palma da mão.
O Imperador Carlos e a Imperatriz Zita
O longo cortejo acompanhava o corpo do Imperador Francisco José para sua última morada, na histórica cripta dos capuchinhos de Viena.
Eram funerais dignos de tal soberano, executados com muita precisão e equilíbrio, mas com certa aparência de amável desordem, o que estava bem. Vinham os carros fúnebres e depois o esquife do Imperador, seguido pelo cortejo dos membros da família imperial, a pé: Carlos, o novo Imperador, o qual caminhava muito sério, e, ao lado dele, numa atitude hierática, digníssima e muito bonita, a Imperatriz Zita.
O luto dela me parecia imponente: um longo véu de crepe preto, que descia da cabeça até os pés, e uma grande saia rodada, também preta, que fazia dela uma espécie de pirâmide. Eu não compreendia bem como ela conseguia ver através daquele véu, mas notava que ela não errava o passo.
Entre a Imperatriz Zita e o Imperador, seguro pela mão, ia um menino pequeno, com bonitos cabelos, cujos cachos compridos estavam postos para trás. Também caminhava sério, muito bem vestido e tendo uma gola branca. Pode-se imaginar que eu perguntei:
– Quem é aquele? Quem é aquele?
A Fräulein disse:
– É o Arquiduque Otto de Habsburg16, herdeiro do trono da Áustria.
Nunca me esquecerei disso! Fiquei eletrizado de admiração, e o Arquiduque Otto permaneceu na minha memória como um príncipe de lenda, de conto de fadas, um menino que reunia em si todo o passado da casa d’Áustria, assim como todas as tradições e esperanças que esta podia simbolizar.
Em torno do Imperador Carlos e da Imperatriz Zita, precedendo-os ou seguindo-os, havia também uma série de personagens que me pareciam igualmente de conto de fadas. Era o desfile de toda a corte, com os membros da nobreza, damas, arquiduquesas e princesas, todas com véus baixos, vestindo luto severo e pesado, à semelhança da Imperatriz.
Militares austríacos
Depois vinham os membros da Justiça, das universidades, dos grandes corpos de Estado e, de um lado e de outro, tropas impecavelmente uniformizadas, formando alas. Aquele acompanhamento militar, bem diferente do militarismo alemão, me pareceu uma maravilha. Não havia capacetes com pontas, mas umas fardas rutilantes com condecorações lindas, maravilhosas. Alguns inclusive tinham o famoso penacho do exército austríaco. E pensava comigo mesmo: “Esses trajes não são de hoje. Foram inventados no tempo em que havia tradição, mas vão acabar!”
O modo de esses militares desfilarem e, de vez em quando, se cumprimentarem e fazerem atenções uns para os outros, mostrava um misto de dignidade hierática, de vivacidade juvenil e de senso histórico, como se eles viessem de todos os tempos…
Eu tinha a impressão de que uma tradição de séculos, uma força militar e uma elegância de passo de dança se uniam, para inspirar-lhes toda a movimentação e a atitude, num alto respeito de si mesmos e na consciência de possuírem uma missão especial em face de Deus.
Assim, o militarismo austríaco me parecia muito próximo da Idade Média, cavalheiresco, elegante, distinto e eficaz.
Sacralidade, aristocracia e militarismo
Naquele tempo o cinema não era sonoro, mas a Fräulein me explicou que, conforme o cortejo percorria o seu itinerário na cidade de Viena, de vez em quando os canhões troavam, cessando com o toque dos sinos, para retomarem depois sua voz. Essa fragilidade elegante, fina e aristocrática da corte que desfilava no meio do exército apresentando armas, mostrava a força ao lado da beleza, da delicadeza e do charme do Império, formando um conjunto que a voz dos sinos e o troar dos canhões completava. Pois o sino é a delicadeza, o som e a música, enquanto o canhão é a guerra e a tragédia, mas também a vitória. Era a beleza da luta ao lado da beleza da concórdia, da paz e do bom entendimento.
Então, o que admirei naquele cortejo foi, sobretudo, a majestade, tendo em si a aliança entre a nota aristocrática e monárquica, a nota sacral e católica, e a nota militar. Três aspectos que coexistem magnificamente e que me deixavam encantado.
E pensava: “Que fisionomia teria um austríaco ideal? Ele deveria refletir em sua mentalidade essa cerimônia: tinha de ser um homem muito sacral, com grande senso de governo e, ao mesmo tempo, muito militar”.
Equilíbrio entre a França e a Alemanha
Eu via aquele cerimonial magnífico e dizia: “Assim as coisas devem ser! E, a haver uma monarquia, ela tem de ser organizada como esta, pois monarquia é isso!”
Por outro lado, apesar de eu ser entusiasta da França, com toda a sua souplesse e seus mil inenarráveis charmes, e das coisas alemãs, rijas e duras, pensava: “Isso tem algo que nem a França nem a Alemanha possuem. Essa gente soube chegar ao ponto certo. Eles têm outro tom”.
E achava que a Áustria era o ponto intermediário, que assumia a alegria, a saúde e o pulchrum das outras duas. Era o rijo alemão com o gracioso francês, num equilíbrio formidável, com uma sacralidade, uma dignidade e um brilho que eu não via nas coisas francesas do Ancien Régime nem nas coisas alemãs, a partir do Protestantismo. Aliás, as minhas objeções contra a raideur17 prussiana e toda a fantasmagoria de Guillerme II começaram quando assisti aos funerais de Francisco José. A Áustria me parecia uma versão culturizada, artística e adoçada da Alemanha, e tinha muita vontade de conhecer melhor esse aspecto do espírito germânico que ela representava.
Eu entendi tão bem a atmosfera da corte da Áustria, com os estados de alma e as disposições de espírito das pessoas que a compunham, que compreendi o que Viena significava no mundo.
Um sol para a vida inteira
Naquele filme via-se também quanto o povo queria bem à família imperial, e como o acontecimento se dava em família, com a assistência de todas as classes sociais reunidas. Viam-se pessoas finas e também do popolino, entre as quais creio que havia gente das várias antigas monarquias que compunham o Império, e todos seguiam o Imperador Carlos. Aquele afeto era ainda a permanência de certa modalidade da caridade cristã.
Era a primeira vez que eu via uma multidão pesarosa e consternada. Minha vontade era de incorporar-me àquelas pessoas, pois me parecia que, imergindo nesse luto imenso, eu seria engrandecido por aquela sensação funerária, a qual me faria chegar aos extremos limites de mim mesmo e, inclusive, a uma elevação ainda maior.
Eu tinha uma medida vaga e incompleta de perfeição em matéria de funerais, de acordo com os enterrinhos que via em São Paulo, mas, de repente, assistindo àquele filme, o qual ia além de tudo o que havia imaginado, meu senso do maravilhoso se abriu ainda mais. Estava literalmente estarrecido, sem saber o que dizer, achando aquilo extraordinário, feérico, fantástico, uma revelação! Meu coração parecia voar para fora do meu peito, num só movimento, dizendo: “Aqui está! Isso é o que eu quero!”
O enterro de Francisco José teve um efeito enorme e profundo no meu espírito, e permaneceu como uma espécie de sol que passou a brilhar em mim, fascinando-me a vida inteira.
Nação princeps na ordem político-religiosa
Eu saí do teatro sendo já um fogoso defensor da Áustria.
A partir desse dia, comecei a prestar atenção em tudo o que dizia respeito a essa nação, com grande admiração e entusiasmo, e sua história me interessava cada vez mais, à medida que eu ia remontando o passado, desde 1918 até o começo dos Habsburg. Lembro-me, por exemplo, de fazer a distinção entre o que era um arquiduque18 e um grão-duque19, imaginando qual dos dois era superior e como deveriam ser um e outro.
Aos poucos, maturava em mim a ideia de que a Áustria era o país da Europa que havia conservado mais restos de sociedade orgânica, mais espontaneidade, menos domínio do Estado e, numa palavra, mais alma. Quisessem ou não, ela era ainda o Sacro Império Romano-Alemão, e se me apresentava como nação princeps20, na ordem político-religiosa.
Nos países governados pelos Habsburg, a ordem política e social vigente me parecia ter atingido sua plena expressão religiosa, numa sacralidade muito marcante, inerente ao poder temporal, que eu não tinha encontrado, em igual grau e medida, em outras nações. Eu não conhecia cerimônia oficial de país nenhum, em que os homens e as senhoras, andando na rua durante um cortejo fúnebre, em certo momento se fizessem reverências e se cumprimentassem. Esse brilho da Civilização Cristã, animada pela Fé, me parecia reluzir na Áustria de um modo extraordinário, que, sob certo ponto de vista, nem na Espanha existia.
Lembrava-me que, durante certas conversas em casa ou no colégio, tinha ouvido dizer que o protocolo e o cerimonial eram bobagens, e fazia um vitupério interior muito forte: “Idiota é quem acha isso! O cerimonial é o contrário do que pensa aquela gente. E, onde não existe um cerimonial esplêndido e muito bem observado – ou quando este desaparece – começa o caos”.
E uma das minhas dores mais cruéis era exatamente não poder comentar tudo isso com ninguém, nem mesmo com mamãe, pois a Áustria estava um tanto distante do ambiente cultural dela e, apesar de não ter nenhuma aversão a essa nação, ela não compreendia os aspectos que eu admirava.
A águia bicéfala, genial e perfeita
Em certa ocasião, li um trecho do Aiglon de Rostand21, em que se falava contra a Casa d’Áustria, com estas palavras:
“Aigle d’Autriche, au cruel œil d’ennui”22.
Então comecei a ter minha atenção chamada para a águia bicéfala do Império Austro-Húngaro, a qual me pareceu absolutamente genial e perfeita. Vi que, realmente, tinha um olhar cruel de quem deseja avançar, mas não está achando muito divertido o próprio papel. E pensei: “Mas é isso mesmo! Quem é combatente tem olhar de combate e, portanto, agressivo. E aguenta a luta, ainda que esta seja tediosa. Essa águia é como devia ser!” Mas depois me perguntei: “Agora… ter duas cabeças, não é um pouco inquietante? Para que isso? Não é absurdo?” Mas logo tive uma réplica interior: “É lindo! Logo, não pode ser absurdo. Mais tarde entenderei isso”.
Algumas reticências em relação à Áustria
É preciso dizer que detestei com toda a alma certas figuras da Casa d’Áustria, como, por exemplo, José II23.
Também percebia que na Áustria faltavam a força e o empenho que eu admirava na Prússia. E me dizia: “Não haveria jeito
de juntar essas duas coisas? Quão belos, nobres e esplêndidos são os uniformes austríacos! Mas… essa gente, se montasse em cavalos e fizesse um hurra de cavalaria24, não conseguiria enfrentar o exército do Kaiser! Ora, as coisas são verdadeiramente bonitas quando vitoriosas; somente são vitoriosas quando heroicas e somente são heroicas quando profundamente sérias”.
Então, eu concluía que era preciso filtrar e tamisar as impressões que me vinham da Áustria, e que não podia aceitar tudo dela, como um bloco. Entretanto, para mim, isso não prejudicava a figura dessa nação, em si, nem a missão que, em considerável parte, ela realizou.
Discussões sobre a Áustria
Durante as conversas em casa, tratando sobre a queda do Império Austro-Húngaro, alguns dos meus parentes comentavam o quanto era justo haver sido dissolvida a ligação entre a Áustria e a Hungria, pois esta última vivera sob o domínio da primeira. Diziam que, afinal, tinha sido feita a libertação de tantos povos que estavam sob o tacão da bota austríaca.
Eu pensava: “Aquela nação que fazia cerimônias tão esplêndidas! Aquela boa gente, que respeito e quero, é caluniada e detestada. Ora, os que caluniam pessoas boas têm de ser ruins”.
Então, começava a discussão: eu respondia que a Áustria era um grande país, e que haviam feito mal em desmembrar o Império. Eles retrucavam:
– Não, senhor! Ela dominava.
Meu pensamento era: “Se dominava, valia a pena, porque os resultados eram bons!” Mas não ousava dizê-lo, pois eles explodiriam de cólera. Então, perguntava:
– A Hungria era mesmo uma colônia da Áustria?
– Não propriamente uma colônia, mas um país escravizado.
– Mas, se não era uma colônia, como os austríacos a escravizaram? Qual foi esse processo de escravização?
– O Imperador da Áustria era Rei da Hungria ao mesmo tempo e, como tal, pisava sobre ela.
Eu tinha uma objeção interior: “Se ele era Rei da Hungria, a situação era a mesma que houve entre Brasil e Portugal: Reino Unido! Essa gente está dizendo tudo isso, mas não tem razão! Estão simplesmente papagaiando o que leem nos jornais”.
Então, entrava em pormenores:
– E os Imperadores nunca iam à Hungria?
– Eles iam com certa frequência, pois precisavam contar com a boa vontade da Hungria, para mantê-la unida à Áustria.
Eu continuava pensando: “Então, não dominavam apenas pelas armas, mas também pelo coração. Tudo isso está muito suspeito e eu não vou nessa onda”.
Perguntava:
– Como a Hungria caiu no poder dos austríacos? Foi por uma conquista?
– Não. Bem… Você sabe? Eles faziam uma política horrorosa de casamentos. Os príncipes austríacos se casavam com as herdeiras de vários países, e assim o Império ia embolsando tudo.
– Entretanto, aquele cerimonial da corte da Áustria é lindo!
– Isso era só para constar.
Sempre com as minhas objeções, eu pensava: “Mas vocês não fazem isso nem para constar, e vivem perfeitamente bem. Ora, a Áustria fez algo que, ao menos, é um aparato magnífico, e vocês acham que ela agiu mal? Pelo menos, curvem-se e prestem reverência!”
Eles acrescentavam:
– Você está indo numa ilusão: a Áustria tinha muita coisa velha e podre.
Eu dizia comigo: “Muita coisa velha e podre? Essa é outra crítica que não vale nada! É melhor do que ter derrubado todas as coisas antigas e ficar apenas com as novidades hollywoodianas que vocês têm aqui”.
A coroação do Rei da Hungria
Lembro-me também de ter assistido a uma outra fita, a qual mostrava a coroação do Imperador Carlos da Áustria como Rei da Hungria25. A cerimônia era feita na igreja e depois continuava na praça pública, onde havia uma espécie de pequeno monte, sobre o qual o Rei tinha de saltar a cavalo para provar que era bom cavaleiro e bom guerreiro.
Em determinado momento compareciam os magnatas26 – nome dado aos altos nobres húngaros –, a cavalo, com a característica pele de pantera, aigrette27, espada curva, e com certo ar que lembrava vagamente os hunos ou os mongóis, o que lhes dava um fundo de brutalidade e grandeza selvagem, apesar de serem, ao mesmo tempo, imponentes como marajás e finos a ponto de poderem frequentar qualquer corte da Europa.
No meio dos magnatas chegavam também oito ou dez Bispos, igualmente a cavalo. Dois ou três deles eram de ritos católicos orientais, com paramentos característicos e coroas na cabeça, enquanto os outros tinham mitras altas. E todos cavalgavam com garbo, como guerreiros, pois se exigia que eles também fossem homens fortes. Desciam dos cavalos com o mesmo garbo, e lançavam as rédeas para alguém.
Era uma cena lindíssima, na qual a divindade da Igreja brilhava como o sol poderia refulgir num diamante. O que eu desejava ver!
Mais discussões em casa
A Imperatriz Zita favorecera muito os húngaros quando fora Rainha da Hungria, e era muito popular nesse país. Então, em certo momento, ouvi, durante uma conversa em casa, que o Imperador Carlos tinha ido à Hungria, a fim de restaurar a monarquia, e o povo se levantara do lado dele numa insurreição realista28.
Ora, eu sempre tinha ouvido a mesma melúria a respeito da Hungria, como sendo um país torturado pela Áustria. Esse era o tal povo “escravizado” e “pisado”.
Passei a torcer debandadamente a favor da vitória do Imperador, pensando que voltariam a existir aqueles cerimoniais com o mesmo esplendor de outrora. E comecei a fazer comentários que deixavam alguns parentes mal à vontade:
– Que coisa curiosa! Essa colônia está revoltada, desejando restaurar os seus antigos verdugos.
– Deixe isso de lado!
– De lado, não. Eu quero uma explicação.
E continuava perguntando:
– Mas então, os Imperadores são populares na Hungria?
Com a negligência de quem responde a uma criança, alguém me disse:
– Eles têm lá alguns partidários.
– Mais partidários na Hungria do que na Áustria? Como é isso?
– Você sabe? A monarquia austríaca era muito corruptora, e pagava tudo com dinheiro.
– Então, a Hungria se vendia? Logo, era um negócio de livre mercado?
Pode-se bem imaginar que os meus interlocutores não gostavam de ser interpelados dessa maneira. O caso da Hungria foi um dos pontos mais quentes da minha dialética com eles.
Acompanhando a tentativa de restauração da monarquia na Hungria
Quando houve essa investida, na tentativa de restauração da monarquia na Hungria, eu me tomei de tal entusiasmo pelo assunto que todos os dias acordava um pouquinho mais cedo – ponto muito significativo para mim – e, antes de os mais velhos começarem a ler os jornais, eu apanhava O Estado de São Paulo para ver quais eram as notícias do Imperador Carlos e como estava a revolução monarquista na Hungria.
Lendo aquelas notícias, eu tinha a impressão de que certas pessoas estavam rubras de vergonha e de ódio, diante daquela tentativa de restauração, donde me parecia que algo racharia no mundo se ela tivesse sucesso.
Tornei-me leitor assíduo de O Estado de São Paulo, uma vez que os outros jornais daquele tempo, como O Correio Paulistano e semelhantes, não eram tão sérios. Lembro-me que fiquei muito aborrecido, vendo que o Imperador não ganhara a partida. Ele havia sido levado até o antigo palácio real, onde morava o regente que governava a Hungria, o Almirante Horthy29, mas, devido à reação deste último, tivera de voltar à Suíça. A Imperatriz não estivera com ele nessa incursão para animá-lo!
Tenho a impressão de que nenhum súdito do Imperador da Áustria acompanhou tão de perto aqueles acontecimentos quanto eu, pois lia o jornal de modo apaixonado, como se fosse o boletim diário de fatos havidos na minha família.
Aliás, a própria Fräulein von Ziegler vivia alegre e feliz, praticava natação na represa de Santo Amaro e, quando falava da Áustria, fazia-o nestes termos:
– Meu país agora é muito pequeno e não conta mais no destino do mundo, mas nós podemos sentir-nos bem com as belezas naturais dele e com alguns recursos econômicos que produz, e levar, de agora em diante, a vida das pequenas nações.
Eu confesso que sentia muito desagrado ao ouvir aquilo, e tinha vontade de bradar-lhe: “A senhora não percebe que a Áustria, decapitada do resto do Império, é uma cabeça sem corpo, um monstro, um aleijão? Ou a Áustria está à testa de um corpo imperial – o qual abrange não apenas a dupla monarquia danubiana30, mas também o que foi o Sacro Império Romano-Alemão, inclusive com seus feudos na Itália – ou não é nada! A senhora deveria ser perseguida noite e dia pela saudade dessa grandeza que sua pátria não realizou!”
Mas não lhe dizia nada disso.
Segunda tentativa do Imperador Carlos e da Imperatriz Zita
Algum tempo depois, li que o casal imperial havia tomado um avião na Suíça e, sobrevoando o território austríaco, tinha descido na Hungria, chegando até Budapeste, para tentar novamente uma contrarrevolução e restaurar a monarquia31. Isso causou sensação, pois significava um pequeno record de aviação para os aviões muito precários daquele tempo. Eu pensei: “Desta vez vai!”
Mas não foi… Fiquei desolado e tive grande indignação, vendo que o Imperador Carlos e a Imperatriz Zita haviam sido derrotados e presos. O governo suíço, que tinha sido muito afável e cortês ao recebê-los, declarou que não poderia mais aceitá-los e, então, eles foram expulsos da Hungria, saindo desse país pelo Danúbio, o qual desemboca no Mar Negro. Durante o trajeto, o povo comparecia com bandeiras para lhes dar vivas, enquanto eles caminhavam para o exílio, mas a democracia da época consistia em não permitir que essa população se agradasse em receber seu Rei.
Por fim, foram levados até a Ilha da Madeira. Os bens tinham-lhes sido confiscados na Áustria e, com isso, eles viveram de modo paupérrimo. Consta que a própria Imperatriz tinha de lavar a roupa dos seus oito filhos…
O hábito cotidiano de ler os jornais
Quando eu soube que a causa deles estava perdida e que se encontravam na Ilha da Madeira, mesmo assim continuei a ler as notícias, para ver se haveria uma terceira tentativa, que, afinal, não houve, e procurava conhecer qualquer fato que me desse alguma esperança de restauração da monarquia na Áustria dos meus amores.
Foi a partir dessa ocasião que adquiri o costume de ler os jornais cotidianos – o que não havia feito até aquele tempo – e comecei a me interessar enormemente pela política internacional. Habituando-me a lê-los, procurava neles, de modo instintivo, os fenômenos de Revolução e Contra-Revolução, mas devo reconhecer que o meu interesse pelo continente onde eu vivia era muitíssimo menor, enquanto os acontecimentos da Europa me atraíam vivamente.
Desse hábito remoto nasceria depois a “Reunião de Recortes”32.
A morte do Imperador Carlos
A Ilha da Madeira tinha fama de ser muito apropriada para a cura da tuberculose, doença que havia atacado o Imperador Carlos. Entretanto, ele morreu e foi enterrado lá33.
Após o seu falecimento, quando o perigo de uma complicação internacional desaparecera – pois a esposa dele, a sós com os filhos, não podia constituir problema –, foi permitido que a Imperatriz Zita e seus filhos voltassem ao continente europeu. Então, um homem censurável por vários pontos de vista e apreciável por outros, o Rei Alfonso XIII da Espanha34, o qual era um nobre personagem, com frequentes gestos de galanteria dos antigos tempos, teve a atitude elegante de lhes oferecer hospedagem.
Assim, eles foram morar na Espanha35, onde o Rei pôs um palácio à disposição deles36. E lá permaneceram durante muito tempo.
A história daquele casal havia sido um verdadeiro romance, pelo qual eu tinha uma enorme atração. Mas, por que razão me interessava tanto pelo Imperador Carlos? Por ser ele a última expressão de toda a sacralidade que eu havia visto no Império Austro-Húngaro. Eu percebia que ele era uma vítima, e que, no fundo, os que o derrubaram desejavam destruir aquilo que eu havia admirado.
Essa era a seriedade que havia na mente de um menino de doze anos.
A visita do Arquiduque Alberto
Em certa ocasião eu estava lendo os jornais, à procura de notícias sobre minha bem-amada Áustria, quando encontrei a informação de que chegava a São Paulo o Príncipe Alberto da Áustria, o qual, segundo se dizia, usava o título de Arquiduque Palatino da Hungria37, e vinha para passear ou fazer negócios. Soube também que Dª Olívia Guedes Penteado, uma das senhoras mais ricas e elegantes de São Paulo, filha do Barão de Pirapitingui, resolvera organizar uma festa de primeira ordem para o visitante, com baile de grande estilo.
Ela morava numa casa muito bonita, toda arranjada ao estilo da nobreza europeia, na esquina da Rua Duque de Caxias com a Rua Conselheiro Nébias38. Na entrada havia um torreão octogonal, o qual se destacava do resto do prédio, encimado por uma cúpula de material parecido com louça, de uma linda cor azul-verde. Dir-se-ia uma xícara de formato elegantíssimo, com a parte de baixo virada para cima. No alto havia um para-raios que terminava o afinamento sucessivo da torre, o que formava um conjunto arquitetônico bem pensado. Uma beleza!
Ao se chegar à casa para fazer uma visita, tocava-se a campainha e o garçom abria a porta daquele torreão: uma grade de ferro, com vidro fosco atrás. Cruzava-se o octógono, o qual era quase vazio, mas muito bonito, com estátuas e outros adornos, e subia-se uma escadinha para entrar por uma segunda porta, análoga à primeira, onde também havia campainha. Esse octógono não tinha razão funcional, mas era altamente simbólico e dava a entender que era necessário haver uma transição entre a rua e a casa.
Então, vários de minha família contaram que nessa recepção Dª Olívia estava super habillée39, arranjada com muitas joias e, inclusive, com uma espécie de diadema de tartaruga na cabeça, tendo incrustações de pedras e uma aigrette branca colossal. Diziam que ela havia contratado uma senhora de nobreza empobrecida da Europa para ensiná-la a cumprimentar como se estivesse na corte de Viena, diante de um príncipe de casa reinante.
Quando o Arquiduque entrou, ela fez uma enorme reverência, mas tão profunda, que quase caiu no chão. Os republicanos presentes ficaram muito indignados e resmungaram entre si. Os monarquistas aplaudiram muito e todo mundo riu um pouco, mas ela não se incomodou e tratou o visitante como príncipe até o fim. Foi um pequeno acontecimento político em São Paulo.
Eu não pude ir a essa festa, por ser ainda menino, mas minha vontade era ver Dª Olívia fazendo a reverência, analisar o Arquiduque Alberto, ouvir a música da orquestra e, como sabia que se comia muito bem em casa dela, também comer… A gastronomia nunca se separava dos meus sonhos de ideal.
Na minha ingenuidade, pensava que todo arquiduque realizaria um tipo perfeito, e minha imaginação engendrou um personagem de fábula. Se eu tivesse conhecido esse Príncipe, e visse nele algo por onde eventualmente correspondesse ao que eu podia esperar, eu logo imaginaria um outro, superior, que realizasse ainda mais o tipo perfeito do arquiduque, numa linha ideal.
Fräulein von Ziegler volta para a Áustria
Certo dia, a Fräulein von Ziegler apareceu toda satisfeita, esfregando os braços – o que fazia quando estava alegre –, e disse a mamãe:
– A senhora sabe, Madame? Estou muito contente!
– Bem. O que houve?
– Recebi uma carta de minha mãe, chamando-me para voltar a morar em Viena! Houve uma privatização da companhia de estradas de ferro, na qual meu tio possuía ações, e estas, que subiram muito – pelo aumento do turismo na Áustria –, foram devolvidas pelo Estado aos acionistas. De maneira que minha irmã e eu, herdeiras dele, estamos ricas de novo! Estou pensando, inclusive, em comprar lembranças daqui e levar penas de papagaio para minha mãe!
Então, ela voltou para a Áustria, no contentamento que se pode imaginar.
Por esse casinho e por muitos outros indícios, percebi que a Europa estava começando a se recompor com uma vitalidade prodigiosa, após ter sido deixada em frangalhos pela guerra de 14-18. Apesar de muitas tradições terem caído, eu notava que algumas outras se reerguiam, reverdejavam e voltavam à tona.
1 O primeiro Imperador da Casa d’Áustria foi Rodolfo de Habsburg, eleito em 1273. Desde o ano de 1438, essa dinastia se sucedeu quase ininterruptamente no trono do Sacro Império Romano-Alemão (posteriormente Império Austríaco e Império Austro-Húngaro), até a abdicação de Carlos I, em 1918.
2 O Império Austro-Húngaro foi criado em 1867, como resultado de um acordo entre o Império da Áustria e o Reino da Hungria.
3 Francisco José I, Imperador da Áustria (1848-1916).
4 Carlos I da Áustria (1887-1922).
5 Zita de Bourbon-Parma (1892-1989), última Imperatriz da Áustria.
6 Sixto de Bourbon-Parma (1886-1934).
7 Xavier de Bourbon-Parma (1889-1977).
8 A família principesca dos Farnese reinou no ducado de Parma e Piacenza (Itália), de 1545 a 1731, ano em que a sucessão do ducado passou a Isabel Farnese, a qual, tendo desposado Filipe V de Bourbon, Rei da Espanha e neto de Luís XIV da França, transmitiu-a a seu filho Filipe, fundador da dinastia dos Bourbon-Parma.
9 Em italiano: ressurgimento. Termo aplicado ao movimento literário e político que trabalhou pela unidade italiana, a partir de 1815. A deposição dos Bourbon-Parma foi levada a cabo em 1859.
10 Roberto de Bourbon-Parma (1848-1907).
11 Maria Antônia de Bragança (1862-1959), filha do Rei Miguel I de Portugal.
12 A presente anotação é de 1992. Atualmente, no antigo território da Tchecoslováquia existem a República Tcheca e a Eslováquia.
13 Carlos I e sua família partiram para o exílio em março de 1919.
14 O presente episódio se deu em julho de 1921.
15 Em francês: pasmados.
16 Otto de Habsburg (1912-2011).
17 Em francês: rigidez.
18 Título concedido aos Príncipes da casa imperial, no Império Austríaco.
19 Título dado a certos Príncipes soberanos, em antigos estados europeus.
20 Em latim: principal.
21 L’ Aiglon (O Filhote de Águia): drama de autoria de Edmond Rostand (1868-1918), poeta e dramaturgo francês, cujo protagonista é o filho de Napoleão I, cognominado de Aiglon.
22 Em francês: “Águia da Áustria, com cruel olhar de tédio”.
23 José II (1741-1790), Imperador do Sacro Império Romano-Alemão, filho de Francisco I e de Maria Teresa. Conduziu uma política fortemente anticlerical, que passou a ser chamada de josefismo.
24 Segundo o próprio Autor, assim era chamado na Alemanha o momento em que algum corpo de cavalaria avançava a galope, durante as manobras e treinamentos. Cf. Volume II desta coleção, p. 510.
25 Em 30 de dezembro de 1916, na Catedral de Budapeste (Hungria), Carlos I da Áustria foi coroado Rei Apostólico da Hungria, com o nome de Carlos IV.
26 Termo com o qual eram nomeados os membros do Senado, no Reino da Hungria.
27 Em francês: pequeno penacho, usado em capacetes ou chapéus.
28 Em março de 1921.
29 Miklós Horthy (1868-1957), político húngaro e Ministro da Guerra, foi nomeado Regente da Hungria em 1920. Tornou-se ditador e empreendeu posteriormente a aproximação de seu país com a Itália fascista e a Alemanha nazista.
30 Áustria e Hungria, países banhados pelo Rio Danúbio.
31 Em outubro de 1921.
32 Posteriormente, quando Plinio começou a aglutinar alguns companheiros da Congregação Mariana de Santa Cecília, os quais constituiriam depois o grupo dos seus seguidores e discípulos, costumava reuni-los, uma vez por semana, para comentar os acontecimentos internacionais noticiados pelos jornais. E, muito mais tarde, promoveu com a mesma finalidade uma reunião semanal plenária da instituição por ele fundada, que recebeu o título de “Reunião de Recortes”, devido a que as notícias eram recortadas e coladas em folhas de papel.
33 Carlos de Habsburg faleceu, vítima da tuberculose, no dia 1 de abril de 1922, aos 34 anos. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 3 de outubro de 2004.
34 Alfonso de Bourbon e Habsburg-Lorena (1886-1941), Rei da Espanha entre 1902 e 1931.
35 A Imperatriz Zita e seus filhos partiram da Ilha da Madeira em maio de 1922, no navio “Infanta Isabel”, enviado pelo Rei Alfonso XIII.
36 O Palácio El Pardo, a 20 km de Madri, e, posteriormente, a Vila Uribarren, em Lekeitio, na Baía de Biscaia, antiga residência da Rainha Isabel II.
37 Albert von Thurn und Taxis (1867-1953), casado com Margarethe Klementine, Arquiduquesa da Áustria (1870-1955).
38 No Bairro dos Campos Elíseos.
39 Em francês: bem trajada.
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