Exigências do estudo e da boa educação
Fräulein Mathilde Heldmann, a dedicada bávara prussianizada, cujo sobrenome significa “homem heroico”1 e de quem guardo saudosa recordação, mais do que uma simples professora, era uma grande educadora.
Em relação às três crianças que estavam aos seus cuidados, atuava com a energia e o vigor que tornavam famoso o povo alemão naqueles idos tempos. Eu sentia muita consonância com ela, pois o caráter positivo dos alemães me parecia um reflexo do espírito inaciano, e essa relação de semelhança me encantava. Obedecia a ela com toda facilidade, assim como a meus pais e meus professores, pois, graças a Deus, posso dizer que nunca esteve entre os meus defeitos a dificuldade em obedecer a alguém superior a mim.
Certo dia, ouvi que alguém comentava o sistema educativo rígido da Fräulein Mathilde, chamando-o de “austeridade”. Eu disse para mim mesmo: “Austeridade! Ó beleza! Então, sou austero! Compreendo que deverei lutar até o fim da minha vida para sê-lo sempre mais, pois a austeridade é como a muralha de uma cidade fortificada, e uma pequena concessão ameaçará o edifício inteiro! A muralha da minha austeridade não pode ter nenhuma brecha!”
Harmonia entre a razão e a imaginação
Essa governanta exigia muita racionalidade, especialmente de minha parte, talvez por pensar que se deve exigir de um homem mais raciocínio do que de uma mulher. Então, obrigava-me a fazer todas as coisas com atenção e decisão, e sempre me pedia explicações sobre minhas atitudes:
– Por que isso? Fale, diga, explique!
No fundo, era um método de preencher a necessidade que tem o espírito humano de elaborar ideias, não apenas com base em doutrinas, mas também a partir dos fatos. Eu sentia certa preguiça nesse exercício, mas, por outro lado, achava-o muito interessante e, portanto, aceitava aquela exigência.
Assim, ela desenvolveu muito em mim certo aspecto racional, pelo qual eu era frequentemente levado a notar o que se poderia chamar “os dois mundos da alma”, existentes em toda criatura humana e, portanto, também em mim. O primeiro seria a racionalização daquilo que eu conhecia, com a possibilidade de entender e definir tudo à maneira de um cálculo: “dois mais dois é igual a quatro”.
O segundo consistiria na imaginação daquilo que eu não conhecia, mas desejava; como um teclado no qual pudesse exprimir toda a musicalidade imaginativa de um mundo “criado” por mim.
Entretanto, eu compreendia que, sendo o homem uno, não podia ser “desalinhavado” em seu pensamento, pois estaria na situação de alguém que, tendo normalmente dois braços e duas pernas, não conseguisse movê-los em sincronia. Seria um estropiado, pois a harmonia do seu ser estaria quebrada. Então, nessa perspectiva, tinha desejo de estudar a correlação entre esses dois painéis colossais que há na mente humana, de maneira a compreender o quanto certas impressões são indicativas de outras tantas ideias, inclusive abstratas.
O senso da ordem, e a arte de subir e descer escadas
A Fräulein também me fez adquirir o senso da ordem, mandando-me, por exemplo, colocar todos os brinquedos em seus respectivos lugares assim que terminávamos de brincar, cobrando de mim pequenas regras como a de nunca bocejar sem cobrir a boca, ou, inclusive, ensinando-me a arte de subir e descer escadas com grande estilo.
A descida devia ser um tanto pomposa, manifestando segurança e superioridade, tendo a cabeça um pouco alta e sem nenhuma atitude de incerteza quanto ao passo que iria dar, mas olhando remotamente os degraus, como quem considera um futuro indefinido. Eu tinha de prestar muita atenção no que fazia com as mãos, pois não podiam segurar o corrimão nem parecer moles, se estivessem pendentes, mas elas deviam exprimir certo ar de naturalidade.
O ato de subir era ainda mais difícil, pois comportava duas cenas: o modo de olhar quem estava em cima, e a maneira de dar uma impressão correta a quem permanecia embaixo. Em primeiro lugar, não se devia subir a escada em presença de outros quando se estivesse ofegando, por ser uma ação feia, inadequada para o cerimonial. Não se devia prestar atenção nos degraus, mas era preciso manter um olhar abstrato, e inclusive não ficava mal olhar um pouco para o teto. Também, enquanto subia, não era recomendável começar a dirigir a palavra aos que estivessem em cima, mas só ao chegar, quando se estivesse numa certa situação de igualdade em relação a eles. Depois deveria continuar a andar com naturalidade, sem tomar os ares de uma locomotiva que chegou à estação…
Deve-se falar gesticulando?
A Fräulein me dizia que eu violava continuamente uma regra de educação daquele tempo: não gesticular enquanto se fala.
Dizia-se que a perfeita locução deveria ser, por si mesma, bastante rica para que uma pessoa dissesse o que desejasse, sem usar o recurso dos dedos. E os antigos observavam:
– Se você receia que suas palavras não tenham suficiente expressão, module a voz! Se não sabe fazê-lo, utilize o olhar! Se a voz e o olhar não bastam, faça mais: examine o seu vocabulário e pergunte-se como está se servindo dos termos para dizer o que você quer. A pobreza da locução não se evita por meio de gestos, mas cada um deve ter as palavras que correspondam ao seu pensamento!
Era uma observação bem feita e, de fato, minha mãe quase não gesticulava, mas fazia pequenos gestos discretos. Entretanto, na minha geração, o costume de acompanhar a palavra com as mãos já havia entrado torrencialmente, e começava a se tornar conatural comigo, apesar da insistência da Fräulein:
– Um homem educado não gesticula com as mãos! Portanto, você não é educado, mas, pelo menos, não diga que não foi ensinado!
Pensei com meus botões: “Se não gesticular, não serei eu mesmo, mas sentir-me-ei como um piano no qual uma das notas está irremediavelmente quebrada! Então, prefiro ser um ‘eu’ mal educado, do que um homem bem educado, mas que não se identifica consigo mesmo. Além do mais, percebo que a própria Fräulein, quando se deixa tomar pelo tema que está tratando, também gesticula. Na realidade, todo mundo o faz! Portanto, eu saberei mover minhas mãos como quero”.
Então, não me habituei a cumprir essa regra.
Dª Lucilia e a Fräulein, unidas na exigência
Em matéria de estudos, a Fräulein Mathilde exigia de mim que eu fosse o contrário de muitos outros meninos. Ou seja, que tivesse um regime duro, sabendo bem as minhas lições, não à maneira de um papagaio idiota, mas entendendo bem o que os professores me ensinavam. E para isso ela me educou num método primoroso de horas de estudos marcadas, com a obrigação de preparar-me para as aulas do colégio, sentado junto a uma mesa. Devia entrar no estudo a fundo, com decisão, fazendo primeiro o mais importante, mas, quando dois afazeres fossem da mesma importância, tinha de começar pelo que menos me agradava e só descansar quando o trabalho estivesse feito! Ela costumava dizer:
– Comece pela Álgebra, por ser o que você mais detesta, e termine pela História, aquilo de que mais gosta!
Assim tinha de ser! Ela era muito autoritária, sobretudo na seguinte ocasião: no Colégio São Luís, todas as quintas-feiras do ano eram dias feriados – não é preciso dizer que os alunos não tinham o mínimo protesto contra esse costume – e, então, quando chegava a tarde desse dia, começava a brincadeira no jardim de minha casa. Entretanto, às vezes ela aparecia e me conclamava. Ainda me parece ouvir a sua voz de comando:
– Pliniô!
– O que é?
– Você se lembra que tem três ecuaciones2 de Álgebra para levar ao São Luís? Deve resolver isso agora à tarde!
Eu percebia que ela estava com a razão. Deixava a brincadeira e ia resolver as equações. Além do mais, quando os meus estudos não andavam bem por falta de atenção, ela me dava um castigo. E, como eu detestava a Aritmética, esse castigo consistia às vezes, em obrigar-me a fazer uma soma ou uma divisão…
Quando se tratava de estudar Francês, ela conversava comigo nessa língua, para me ensinar. Mas a ajuda dela consistia, sobretudo, em permanecer sempre junto a mim, para verificar se estudava sem perda de tempo, pois, em caso contrário, ela iria falar com Mutter3. E eu não queria desagradar Mutter, por nenhum preço.
Aliás, Dª Lucilia apoiava essa atitude da Fräulein e, apesar de ser tão compassiva comigo em casos de doenças e machucaduras, nunca a ouvi dizer: “Coitadinho, agora ele vai ter de estudar!” Não! Para ela, o estudo fazia parte do esforço comum da vida, e, portanto, eu devia aplicar-me a ele. Mais ainda, ela nem sequer descia à sala de estudos para me animar, salvo raríssimas exceções – e por um instante – pois para isso existia a governanta.
Em geral, terminado o dever, eu encontrava depois um clima de particular afabilidade, da parte das duas. E a Fräulein Mathilde organizava para mim alguma pequena distração especial. Habituei-me ao sistema dela e, com o passar do tempo, segui sempre o princípio pelo qual nunca se deve ter uma distensão antes de concluir uma tarefa árdua.
Ditos da Fräulein, energia e consciência tranquila
Quando a Fräulein notava que eu tendia a deixar certa obrigação para depois, citava um ditado alemão:
– Morgen, morgen, nur nicht heute, sagen alle faulen Leute.
“Amanhã, amanhã, contanto que não seja hoje, dizem todos os preguiçosos”.
Ela martelava isso salutarmente sobre mim e, às vezes, também me dava o seguinte conselho:
– Não tenha pena de si! Nem sequer na pior situação em que você se encontrar, pois será pior! A pena de si próprio é o começo de toda ruína!
Tinha razão! Essa é uma grande verdade.
Em outras ocasiões, dizia-me:
– Pliniô! Aufpumpen4!
Expressão alemã utilizada no sentido de bombear, ou acionar uma bomba. Ou seja, eu tinha de bombear em minha própria vontade nas dificuldades. Às vezes, não sentia forças para aufpumpen, mas, não querendo enfrentar a Fräulein, tomava minha pobre “bomba” e começava…
Ela também citava um ditado, que aplicava contra o jeitinho brasileiro, ao qual os três alunos dela, especialmente minha irmã e eu, éramos muito dados:
– Nenhum fio de aranha é tecido tão finamente, que não se possa ver quando o sol incide nele.
E outra expressão que ela utilizava quando me julgava um tanto preguiçoso era:
– Vorwärts5!
Parecia-me uma palavra esplêndida, cheia de força, feita para sacudir os preguiçosos e levá-los à frente! Também, ao pronunciar as palavras em alemão, a Fräulein tinha o gosto de bater cada consoante e dizer, por exemplo: Dampf6, Schiff7, Fahrt8, Gesellschaft9. A beleza agreste dessa pronúncia me encantava e me entusiasmava!
Com tudo isso, fui me tornando mais enérgico e descobrindo que era mais deleitoso e mais excelente dormir com a consciência tranquila, por não haver relaxado nem amolecido em nenhum momento do dia, mas, pelo contrário, ter feito o que devia. O prazer da consciência tranquila era mais agradável do que qualquer delícia.
Vitória contra a tentação
Habitualmente minha irmã e minha prima estudavam comigo. Entretanto, lembro-me de mim mesmo certo dia, a sós, sentado junto à mesa da sala de estudos de minha casa, aprendendo isto e aquilo, e olhando para o jardim através de uma arcada. Essa sala era ligeiramente escura e um pouco penumbrosa, e dela não se via o céu, mas eu tinha diante de mim um grande espaço livre, no qual a natureza se mostrava bonita e luminosa, banhada pelo sol, e onde saltitavam abundantes tico-ticos, os quais muito me agradavam.
Em certo momento, fiz esta consideração: “Eu daria tudo por sair e dar uma corrida por esse jardim…! Primeiro, para ver-me livre da Aritmética ou da Geografia e, em segundo lugar, para respirar o aroma das flores, em vez de estar sentado aqui!”
Eu sabia que as consequências seriam muito desagradáveis se me fizesse ver no jardim: a Fräulein me denunciaria, mamãe ficaria aborrecida e me daria uma repreensão. Pensei: “Está bem, não vou! Mas, quem me proíbe de fechar este livro, marcando a página com o dedo, e permanecer olhando para fora?”
O que eu tinha diante de mim não era mais bonito do que qualquer jardim, visto por qualquer menino, mas, naquele momento, me deslumbrava, e eu dizia interiormente: “Ó ambiente! Ó jardim! Que coisa agradável! Dedo no livro, corpo em repouso e alma passeando pelo jardim, enquanto o tempo corre!”
Entretanto, apesar de aquilo ser delicioso, notei que havia algo em minha alma, à maneira de água que escorresse por um orifício misterioso… Eu sentia que me esvaziava e me tornava menos propenso ao cumprimento do dever. Então, fiz-me a pergunta, ditada pela retidão: “Isso não lhe dá repugnância? Você não vê até onde essa atitude o levará? Não percebe que, se tomar esse hábito, acabará sendo sempre assim? Quer ser assim? Pelo contrário, que maravilha é ser enérgico e vencer isso! Tenho horror desta moleira!”
Mas a tentação e a retidão pareciam argumentar:
– Que gostoso, hein? Que delícia! Só mais um pouco…
– Vamos parar!
– Não, porque agora está mais difícil do que antes…
– Portanto, depois será pior! Você quer tornar o bom caminho cada vez mais difícil para si? Se for assim, pelo menos seja franco e diga a si mesmo que escolheu o mau caminho!
– Isso, também não…
– Então, acabe com essa atitude! Se não, da próxima vez, você não conseguirá sequer abrir o livro!
E concluí:
– Que dificuldades nesta vida! Mas, no total, é melhor cortar com isso agora!
Abri o livro de Geografia e continuei a estudar: “A Serra do Catimbó…”
Depois, em certa hora do dia, lembrei-me desse momento com alegria, satisfação e sensação de leveza por haver vencido. E pensei: “Ganhei essa batalha interna, mas foi duro! Se não quiser levar uma vida insuportável, tendo um esforço assim a cada dia, devo estudar mais, sempre que tiver um comecinho de vontade de não estudar! Se não agredir a minha tentação, sucumbirei!”
Aulas de ginástica: uma tortura
Por causa do acentuado desvio na espinha de que sofríamos Rosée e eu10, os dois fomos obrigados, por recomendação médica, a fazer um curso com certo professor de ginástica, que vinha a casa em determinadas horas.
Então, foram instalados aparelhos de ginástica sueca na sala de estudos que utilizávamos minha irmã, minha prima e eu. Tratava-se de aulas separadas, pois naquele tempo um menino nunca faria ginástica com as meninas. Elas saíam e começava aquilo que eu detestava, pois me parecia uma tortura:
– Respira fundo! Levanta a perna! Abaixa a perna!
Para me tornar mais desenvolvido, eu devia inclusive pedalar numa bicicleta de exercício que não saía do lugar, o que considerava odioso, e ao que mamãe não me obrigou mais, depois de uma ou duas sessões… O médico ortopedista também tinha mandado que eu permanecesse suspenso no ar, por uma corrente presa em duas argolas colocadas no teto. Então, passava algum tempo pendurado pelo queixo, com os braços pendentes e sem poder me agarrar em nada.
O pior era que, durante esse tempo, eu tinha de aprender as matérias do colégio e, então, a Fräulein Mathilde ficava lendo em português ou em alemão, para que eu ouvisse enquanto estava pendurado… De vez em quando, ela me mandava descer e tomava a lição:
– Repita!
Eu errava e ela dizia:
– Está vendo? Você deve desenvolver mais sua memória!
Eu pensava: “Como vou desenvolver essa memória?! Vão me dar mais um remédio para isso! Não quero!”
Também tinha de fazer outra espécie de exercício recomendado pelo médico: havia uma escada alta, de madeira, pela qual eu tinha de subir e descer várias vezes, entrando por um vão e saindo pelo outro, em cada degrau.
Depois da aula de ginástica, vinha o copeiro e prendia a escada no teto, por um gancho.
Aquelas aulas me deixavam muito desagradado e, naturalmente, reclamava com Dª Lucilia, imaginando que os mil afetos dela me dariam a razão. Mas ela dizia:
– Meu filho, não tem remédio. Você quer ser um corcunda?
– Não, corcunda não quero ficar!
– Então, tem de fazer esses exercícios. Se não quiser, não venha depois dizer que sua mãe não cuidou de você, mas que você não aproveitou a dedicação dela e preferiu ficar corcunda. O autor de sua deformação será você mesmo… Agora, se preferir, não precisa fazer a ginástica…
Isso me dava uma injeção de ânimo para três ou quatro aulas, mas, por ocasião da quarta, dizia de novo:
– Mas, mamãe, não tem jeito?
– Meu filho, não tem jeito…
Ela queria absolutamente que eu continuasse, e fazia muito bem.
Estudando as declinações latinas… no alto da escada
Às vezes era preciso estudar latim, do que as meninas não participavam, e eu tinha muito má memória para aprender aquelas declinações, apesar de gostar muito delas, mas a Fräulein me obrigava a decorá-las, repetindo-as.
Então, em certas ocasiões, me sentia muito impaciente e não inventava nada melhor do que o seguinte:
– Olhe aqui: só vou continuar a estudar isso se a senhora permitir que eu suba na escada, até o último degrau, perto do teto! Eu vou respondendo à senhora, mas lá do alto!
Era uma extravagância de menino! Mas ela, como educadora muito inteligente e esperta, e compreendendo bem o jeito brasileiro, respondia:
– Pode ser.
E me deixava fazer, com esse misto de severidade, de complacência, de condescendência e de proteção, de que até hoje me lembro com saudades. Eu arranjava um jeito de soltar a escada de onde estava presa e encostá-la no chão, e trepava nela até o último degrau. Não sei que espécie de ânimo me dava aquilo, mas eu sentia vontade de repetir as declinações, encarapitado no alto daquela escada.
A Fräulein ficava sentada, com a gramática latina aberta diante dela, exigindo que eu continuasse a lição:
– Pliniô! Primeira declinação. Rosa. Diga!
– Rosa, rosa, rosam, rosæ, rosa.
– Está errado! O dativo está errado, Diga de novo!
Eu repetia. Ela ordenava:
– Agora recite a segunda declinação!
– Bonus, bone, bonum…
– Genitivo!
– Boni!
E assim eu ia para frente… Ela continuava:
– Agora pulchra. Vamos ver!
– Ah?
– Depressa, depressa! Não pode demorar! Pulchra, já!
Pulchra era muito mais difícil do que rosa… No final ela perguntava:
– Qual é o superlativo de pulchra? Depressa!
– Pulcherrima.
Às vezes eu me voltava para o outro lado da escada e, de costas para ela, continuava a falar. Não era a atitude de um aluno idealmente correto para com a professora, mas, tanto mamãe quanto ela, sabiam que aquilo não era feito em espírito de revolta, nem de impertinência. Era uma espécie de aflição ou de exacerbação, por ter de aprender à força! A Fräulein tolerava isso, e assim nos entendíamos… Entretanto, ela não consentia em nenhum momento que minha movimentação a contagiasse, agitando-a. Nem olhava para mim, enquanto eu a observava, divertindo-me com seu esforço, admirando sua calma e sua obstinação.
Admiração pela lógica do latim
No fim, quando eu descia da escada, percebia os resultados: de fato, tinha memorizado as declinações e estava aprendida a lição. Mais ainda: notava que tinha adquirido certo gosto pela lógica da composição das frases latinas, assim como da ordem inversa, que me parecia muito bonita.
No fundo, eu acabava me regalando com aquela mecânica das palavras no latim, e saía da sala de estudos pensando: “Não deixa de ser verdade que essas declinações são para o espírito o que essa escada é para o corpo: a gente sobe, desce, entra por aqueles vãos, e, no fim, está mais forte”.
E chegava à conclusão: “Afinal de contas, a Fräulein Mathilde é uma educadora fenomenal! Tudo isso acontece porque ela é lógica! Oh! A lógica!”
Aulas de natação
Depois que o fantasma da ginástica cessou e o médico decretou que minha espinha tinha endireitado o mínimo necessário para eu não me tornar um Quasímodo11, começaram as aulas de natação.
Naquele tempo havia institutos que alugavam piscinas por uma hora para várias pessoas, com a condição de serem sempre do mesmo sexo. Mamãe, entretanto, por razões que na época não entendi, não queria que eu fizesse natação com um grupo de rapazes. Depois vim a compreender perfeitamente que isso poderia ser ocasião de algazarra e até de imoralidade.
Então, ela alugava uma piscina durante uma hora, exclusivamente para mim, numa escola de natação que existia na Rua Jaguaribe12, na casa de uma velha senhora da Europa Central – talvez tcheca – chamada Madame Gruška, alta e hercúlea, a qual ficou incumbida de ensinar-me a nadar.
Nas primeiras aulas, eu devia deitar-me num local onde havia uns desenhos e começava a “nadar” em seco, enquanto ela indicava:
– Plinio! Abra o braço! Feche o braço! Abra a perna! Feche a perna! Para frente! Para trás!
Depois Madame Gruška me convidava a descer à piscina – o que, em princípio, me parecia uma delícia –, para fazer na água o que tinha aprendido no seco. Eu entrava com maillot, enquanto ela permanecia na beirada da piscina, toda vestida, ensinando-me:
– Agora, ponha-se em posição horizontal!
Eu dizia:
– Mas, vou de cabeça para o fundo!
– Não, vá e comece!
Eu ia diretamente para o fundo da água! Não tinha meio de boiar, talvez por não prestar muita atenção nas indicações dela. De tal maneira que, em certo momento, Madame Gruška se desesperou:
– Você não quer aprender a nadar! Fique de costas! Vamos ver se boia…
Pensei: “Pior ainda! Vou afundar…!”
Mas, para fazer a vontade de mamãe, a qual desejava que eu aprendesse, deitei-me na água, mas afundei imediatamente. Entretanto, uma vez que a piscina era muito rasa, não dava ocasião para naufrágios espetaculares e eu me arranjava, mas, no total, fui um fracasso para Madame Gruška! Não consegui aprender a nadar.
Afinal de contas, certo dia ela disse-me o seguinte:
– Quer saber de uma coisa? Para você nadar só haveria um modo: chegar junto a uma piscina funda, na qual você tenha medo de morrer, e jogá-lo dentro da água, empurrado pelas costas, dizendo: “Desembrulhe-se como puder!” Assim, você chegaria ao outro lado e aprenderia a nadar.
Pensei comigo: “É bem verdade! Sinto que, nesse caso, nadaria…”
Naquele dia, quando cheguei a casa, minha mãe perguntou-me:
– Como foi hoje a aula de natação?
Muito desanimado, contei-lhe o que a professora dissera. Pensei que mamãe também quisesse que eu me jogasse na água, mas ela não parecia ter muita vontade de experimentar o método, por mais rasa que fosse a piscina… E respondeu:
– Vamos dar por encerradas essas aulas.
Estávamos em pleno acordo, pois eu não desejava outra coisa. Fui dispensado e perdi de vista a Madame Gruška.
A saída da Fräulein Mathilde
A Fräulein Mathilde tinha entre trinta e quarenta anos de idade quando entrou em nosso serviço, e permaneceu uns dez anos em minha casa, o que, para o tempo da infância, parece uma eternidade.
Quando acabou de cumprir as suas funções, deixou de ser nossa governanta e foi passar um tempo na Alemanha13. Partiu de Santos e se dirigiu a Hamburgo14, tomando depois o trem para Regensburg15, onde moravam as irmãs dela. Lá esteve perto de seis meses e depois voltou ao Brasil, servindo sucessivamente em duas casas da aristocracia de São Paulo, das quais a última foi a dos Cunha Bueno, família que se dava muito com a minha.
14-VIII-21
Minha querida Fräulein
Logo que recebi o bom cartão postal da senhora, começo a responder a ele, para informar-me a respeito do prepcioso estado de saúde da veneranda senhora sua mãe, a quem cumprimento atenciosamente, junto com os seus. Com um beijo, sou sempre seu submisso amigo.
Plinio Corrês de Oliveira
Algumas consequências da ausência da Fräulein
Enquanto a Fräulein Mathilde esteve em casa, era ela quem cuidava de minhas roupas, o que fazia muito bem, sendo uma pessoa especializada em tirar manchas dos tecidos. Também fiscalizava o modo de pentear-me, o estado dos meus chapéus, colarinhos e laços de gravata. Tudo tinha de estar cuidadíssimo! Entretanto, eu tinha um espírito negligé16 em relação aos trajes e, também, não conseguia perceber o grande número de manchas que, às vezes, havia em minhas roupas. O resultado foi que passei a me vestir com menos esmero do que no tempo em que estava presente a Fräulein.
Em certas ocasiões, eu passava perto de Rosée e ela dizia:
– Você está coberto de manchas!
– Onde estão as manchas? Mostre.
– Aqui.
Naquele tempo, os meninos se vestiam frequentemente com um tecido inglês cinzento, feito de pequenos pontos mesclados, vermelhos, verdes, pretos e brancos, formando uma espécie de floresta de pingos. Então, eu olhava minha roupa, não notava as manchas e respondia:
– Você está dizendo que isto é mancha, e, mais adiante, afirma que isto não é mancha. Por quê? Precisa me dar uma teoria. Explique.
– Ou você viu ou não adianta dar teoria!
– Está bem. Então não adianta querer que eu me vista bem.
Chegava mamãe:
– Filhão, cuide um pouco de sua roupa.
– Meu bem, o que há?
Era a mesma coisa: eu não conseguia ver as manchas. Cheguei a suspeitar que se tratasse de um defeito em minhas vistas e pensei em consultar um médico, mas eu tinha uma visão esplêndida! Pois bem, apesar de tudo, não enxergava o que elas viam. Eu não podia pedir a mamãe que limpasse as minhas roupas, pois a saúde dela não o permitiria. Rosée era mocinha e tinha de cuidar dos seus próprios vestidos, e eu me manifestava incapacitado para fazer esse serviço.
Além do mais, tinha também uma completa incapacidade de distinguir os bons tecidos para roupas. Por exemplo, precisava mandar confeccionar minhas camisas, e alguém me dizia:
– Olhe, aqui está o dinheiro. Compre o linho para suas camisas.
Eu pensava: “Qual é o bom linho? Não sei…” E era capaz de trazer um pano de secar pratos, pois não tinha a menor noção sobre aquilo.
Em outra ocasião, recomendavam-me:
– Compre uma casimira boa. Mas, olhe: bem fina, hein!
Eu me dizia: “A casimira fina pode perfeitamente ser grossa, enquanto a casimira não fina pode perfeitamente não sê-lo… Como vou resolver a charada dessas perpétuas casimiras que não compreendo?”
Também tive problemas em aprender a dar laço nas gravatas, pois era a Fräulein quem o fazia, enquanto eu pensava em outra coisa. Mas, agora, como amarrar aquilo no pescoço? Dª Lucilia não saberia e Dr. João Paulo não poderia… Então, eu tinha de prestar atenção em algum rapaz conhecido para ver como proceder, e depois arranjar a gravata sozinho, mas também não podia observá-lo ostensivamente, para não ser objeto de gargalhadas, uma vez que nem sequer sabia fazer isso.
Às vezes eu aparecia em casa com o cabelo em desordem. Meu pai, então, olhava para mim e usava um termo pernambucano:
– Que gaforinha17 é essa?
Nunca lhe perguntei o que era gaforinha, mas aquela palavra indicava de modo tão claro o que havia de ridículo no cabelo desordenado, que eu ia imediatamente pentear-me e depois voltava a comparecer diante dele. E como era homem de boa paz, olhando para o meu cabelo bem ordenado e alisado, dizia:
– Agora, rapaz, está direito! Gaforinha, não!
Assim, a saída da Fräulein Mathilde me deixou nessa situação e me prejudicou bastante. Eu sentia uma espécie de desânimo em relação ao estar bem vestido, como me apresentava no tempo em que ela cuidava de mim.
Modas no colégio
Inclusive percebia que, se me trajasse com mais esmero, a minha situação no colégio melhoraria e eu conseguiria granjear mais simpatias, pois os meninos prestavam muita atenção e davam importância ao modo de os colegas se vestirem.
Por exemplo, naquele tempo, qualquer rapaz abastado usava camisas de seda, em geral de cor creme claro. Mas existiam também umas camisas, mais baratas, de marca “Águia”, as quais só tinham o peitilho, o colarinho e os punhos de seda, mas o resto era feito de um tecido comum. De maneira que, quando o menino tinha a habilidade de não abrir o paletó diante dos amigos, podia dar a impressão de estar vestindo camisa de seda.
Certa vez, eu saía do colégio com um menino da alta sociedade, o qual ainda usava calça curta. Conversávamos numa esquina, perto de um poste e, antes de nos separarmos, um primo meu, vendo que esse aluno usava com muita frequência camisas de seda, desabotoou o paletó dele, sem malícia nenhuma. Era uma camisa marca “Águia”! O coitado teve uma enorme vergonha.
Em certo momento entrou uma moda no São Luís, lançada por alguns, a qual consistia em prender o colarinho da camisa, na sua parte inferior, com um alfinete de ouro ou simplesmente dourado, tendo um pequeno enfeite em forma de besourinho feito de esmalte. Então, quem quisesse participar de certas rodas de amigos tinha de adotar essa moda, pois, se não o fizesse, seria excluído delas, o que atemorizava a alguns. Um aluno muito intelectual se tornou famoso e foi ridicularizado por começar a usar esse alfinete, aliás de metal branco comum, quando a moda já estava abandonada e ninguém mais o usava.
Elogio de um colega
Lembro-me de uma noite de festa no colégio, por ocasião da distribuição dos prêmios, no encerramento do ano. A festa começou muito tarde por qualquer razão, e eu tive de esperar num galpão, com todos os alunos, antes de entrar no teatro para a solenidade. Nesse dia em concreto, alguém em casa havia me ajudado a vestir-me com muito mais cuidado do que o normal e eu estava com a melhor roupa que possuía.
Nisso, em meio àquela multidão de meninos, encontrei-me de repente com o Caio Prado Júnior18, o qual deitou os olhos em mim, parou e disse amavelmente:
– Oooh! Sim, senhor! Como se apresenta bem o Plinio, esta noite, hein! Isso é apresentação!
Essas palavras davam a entender que nos outros dias o nível de minha apresentação era mais baixo, e que ele havia notado a diferença imediatamente. Eu dei apenas um sorrisinho, mas percebi que ele tinha visto em mim algo que não costumava ver: era uma certa luz natural, banhada por reflexos de luz sobrenatural, que iluminava todos os meus predicados.
Fräulein von Ziegler
Em minha casa, a Fräulein Mathilde foi substituída por uma outra governanta alemã que permaneceu pouco tempo conosco e de cujo nome não me lembro, e depois por uma moça austríaca, solteira, chamada Fräulein von Ziegler19.
Era de família nobre e sobrinha de um almirante austríaco, homem bastante rico, herdeiro de uma grande fortuna que ele havia aplicado em ações de estradas de ferro. Veio a Guerra20, caiu o Império da Áustria e, consequentemente, houve uma grande crise política e econômica, pela qual essas ações diminuíram muito de valor. Para a família dela, o resultado foi a perda da fortuna, e tiveram de pôr em aluguel uma casa muito bonita que possuíam em Viena. Então, Fräulein von Ziegler – coitada! – e uma irmã dela vieram para o Brasil a fim de ganhar a vida, trabalhando como governantas em casas particulares, portanto numa profissão de empregadas e numa posição subalterna que não lhes competia, por serem nobres.
De fato, desde o fim da Guerra os jornais noticiavam casos de tal condessa ou baronesa da nobreza europeia que trabalhava como cozinheira ou limpadora em alguma casa, e essas notícias me pareciam uma injustiça tremenda! Tinha ouvido falar também a respeito de castelos à venda na Europa, e sabia haver, no Brasil, empresas imobiliárias europeias que anunciavam castelos a preço baratíssimo na França, na Alemanha, na Áustria, na Hungria e um pouco menos na Itália. Eram frequentes os comentários assim:
– Sabe, fulano comprou uma casa na Avenida Angélica21, a qual custou quatro vezes o preço de tal castelo!
Às vezes eu passava em frente dessa residência, e via que era uma casa comum. Portanto, os castelos não custavam nada. Então, entendia tratar-se de famílias que não tinham mais condições de mantê-los, pois haviam perdido a fortuna e estavam arruinadas.
“Emancipado” da Fräulein
A sucessora da Fräulein Mathilde era muito inferior a esta quanto à competência, sem comparação, e não chegava a ser propriamente uma educadora, mas apenas uma governanta. Falava um tanto de francês e muito pouco português.
Eu já estava “emancipado”, pois, para um mocinho de doze ou treze anos, já não era próprio ter Fräulein. Ela cuidava de minha irmã e de minha prima, como era natural, uma vez que as moças nunca saíam sozinhas à rua naquele tempo e, portanto, precisavam de uma governanta para acompanhá-las. Entretanto, eu tinha um contato íntimo com essa Fräulein que, além do mais, recebeu a incumbência de conversar em alemão comigo nas horas vagas, para eu não perder o hábito de falar essa língua.
Tigres e cobras em São Paulo?
A Fräulein von Ziegler narrava fatos muito interessantes e engraçados, como o seguinte, que ela contava dando risada: quando chegou ao Brasil, desembarcou do navio em Santos e veio até São Paulo num trem de imigrantes, a fim de procurar emprego. Entretanto, quando desceu na Estação da Luz, foi presa. Por quê?
Ela estava usando botas e, na cintura, revólver e cartucheira. Vinha armada, pois lhe haviam informado que, logo ao descer do trem, poderia ser agredida na rua por tigres e outros animais da fauna luxuriante da América do Sul. Então, era preciso saber defender-se! As botas eram para proteger-se das mordidas das cobras e as balas para atirar em alguma fera. Mas os policiais, quando viram aquela mulher “ornamentada” dessa maneira, disseram:
– O que é isso?
Ela apresentou o passaporte, mas, como não sabia falar português, foi diretamente à delegacia prestar declarações. E, já no caminho, foi vendo a cidade e percebeu que era muito diferente do que ela imaginava. Ao chegar, encontrou quem falasse alemão e explicou quem era e por que estava assim enfeitada…
Era também muito robusta e, em certa ocasião, ganhou um recorde de natação, atravessando a represa velha de Santo Amaro, de ponta a ponta. Sendo sobrinha de almirante, talvez herdara os dotes náuticos do tio.
Recordações da Guerra
Naturalmente, ela também conversava sobre a Áustria, fazendo uma pequena propaganda de seu país. Falava, por exemplo, a respeito do ramo austríaco da Ordem Teutônica, cujos cavaleiros faziam voto de castidade, e da qual o grão-mestre tinha de ser sempre um arquiduque.
Ela contava que, durante a Primeira Guerra Mundial, os austríacos faziam de si mesmos a acusação de empregarem na conversa, habitualmente, muitas palavras em francês. Então, a fim de contribuir financeiramente com o exército, estabeleceram a seguinte norma: no centro das rodas de conversa colocava-se uma mesa com um pequeno cofre, onde estava escrito “dinheiro para a guerra”, e toda pessoa que pronunciasse alguma palavra de origem francesa para substituir outra alemã de uso corrente, tinha de pôr determinada multa dentro dele.
Também narrava que, no decorrer da Guerra, ofereceu-se para trabalhar durante o dia, de modo gratuito, num hospital de feridos de combate, próximo à zona conflagrada, onde viu ferimentos atrozes e presenciou sofrimentos inenarráveis.
Ela se lembrava de horrores. Por exemplo, de um jovem que tinha voltado do combate com uma ferida, a qual, de si, não era mortal, mas o impedia de falar, pois uma bala lhe havia arrancado o queixo, deixando-lhe a língua pendente… Então, ele tocava uma sineta para chamá-la e, quando a Fräulein comparecia, o rapaz escrevia, com a letra trêmula de alguém gravemente doente, aquilo de que precisava, o que às vezes era apenas uma palavra: água. Mas, em certas ocasiões, não conseguia sequer escrever por inteiro, deixava cair a pena sobre a cama e fazia um simples gesto de agradecimento, esperando depois algum momento em que tivesse um pouquinho mais de força.
Pelo regulamento do hospital, as enfermeiras tinham, a cada dia, determinado horário para descansar. Mas, quando ela estava repousando e se lembrava de que o homem sem queixo talvez tivesse alguma necessidade, levantava-se às escondidas, duas ou três vezes, e ia verificar se ele queria algo. Quem poderia censurar uma atitude assim?
Entretanto, aqueles feridos causavam tanto trabalho para o número insignificante de enfermeiras que, em determinado momento, ela apanhou uma gripe tremenda e os médicos obrigaram-na a permanecer de cama. Então teve o alívio de poder dormir um pouco e alimentar-se um tanto melhor.
Esse era o peso de uma guerra.
1 Em alemão: Held – herói; Mann – homem.
2 Em espanhol: equações. A Fräulein Mathilde Heldmann costumava pronunciar certos termos em língua castelhana, por ter sido educadora também no Uruguai.
3 Em alemão: mãe.
4 Em alemão: encher de ar.
5 Em alemão: avante!
6 Em alemão: vapor, fumo.
7 Em alemão: navio.
8 Em alemão: viagem.
9 Em alemão: companhia, sociedade.
10 Cf. Volume II desta coleção, p. 477.
11 Personagem corcunda do romance de Victor Hugo Notre-Dame de Paris, publicado em 1831.
12 No Bairro de Santa Cecília, em São Paulo.
13 Provavelmente em dezembro de 1920 ou em janeiro de 1921.
14 Principal cidade portuária da Alemanha.
15 Cidade da Baviera (Alemanha), de onde era originária a Fräulein Mathilde.
16 Em francês: descuidado.
17 Cabeleira abundante e despenteada.
18 Caio da Silva Prado Júnior (1907-1990) ingressou no Colégio São Luís no ano de 1918, sendo colega de Plinio em todos os anos da permanência deste no colégio.
19 Provavelmente, Fräulein von Ziegler iniciou seus serviços na casa de Plinio em fevereiro de 1921.
20 A Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
21 No Bairro de Higienópolis, em São Paulo.
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