Reflexões de um menino
Nos contrastes dos anos pós-guerra, como sempre acontece nos períodos de transição, coexistiam, lado a lado, pessoas que adotavam atitudes opostas e extremas. Algumas ficavam incrustadas no passado, condescendendo com a modernidade apenas pro forma, mas, de fato, recusando-a. Eram escassas, pouco conhecidas e, em geral, bordejando os cinquenta anos ou mais; mas lembro-me de ter conhecido também pessoas de menos idade, com essa posição. Eram mais numerosas entre as senhoras do que entre os homens e, portanto, dado o papel da mulher naquele tempo, representavam a parte da sociedade que levava uma vida caseira e permaneciam um tanto ausente do fluxo da existência cotidiana típica do mundo moderno.
Tratava-se de pessoas numa idade em que os crepúsculos começam, e que já não estavam, portanto, dirigindo a marcha para o futuro. Eram como bandeiras que não flutuavam com os ventos modernos, mas com o ventilador da saudade.
Do outro lado, existia um setor muito numeroso, constituído preponderantemente de gente jovem – mais rapazes do que moças – posto por inteiro dentro dos novos estilos e desejando modernizar tudo.
A maioria hesitava, pois nela viviam juntos o saudosista e o modernista, o qual de repente começava a entoar canções norte-americanas, batia palmas para os filmes de cowboy e entusiasmava-se com o ritmo de vida próprio aos Estados Unidos. Conforme o momento, preponderava um ou outro, em proporções indefinidas, naquele grande magma humano majoritário.
Diante dessa situação, que atitude poderia tomar um menino de dez anos?
Uma floresta em chamas
Eu vi esse grande problema religioso e metafísico, e percebi serem essas as duas grandes solicitações do século. Constatei que todas as pessoas eram levadas por esses dois movimentos, de um modo ou de outro. Conheci os extremistas de ambos os lados e notei as contradições pelas quais os dois estados de espírito apareciam sucessivamente dentro das mesmas pessoas.
Em que momento essas reflexões me levaram a tomar uma posição? Desde o início, ao perceber o fenômeno.
Comecei a entender o problema por lampejos, fragmentariamente, como alguém que observa de longe o incêndio de uma floresta. No começo, vê levantar-se uma chama e depois outra mais adiante, mas não percebe ainda que, por debaixo da ramagem, o fogo já começou na totalidade da floresta, e o incêndio tem uma fisionomia geral. Essa pessoa pode assustar-se com essa ou aquela chama, mas ainda não conclui: “A floresta está ardendo!”
Quando descobri que ardia toda a floresta?
Tive os olhos inteiramente abertos para esses assuntos por volta dos doze anos de idade. Dei-me conta de que o incêndio dominava a floresta e desejei inteiramente o contrário do que o fogo fazia. Eu era partidário de cada árvore ou de cada capim, e inimigo de cada aumento de temperatura que pudesse favorecer a combustão. Mesmo antes de perceber que o fogo estava queimando tudo, eu inteiro era antifogo e pró-floresta.
Entretanto, até saber organizar bem as ideias mestras e os pensamentos essenciais, a ponto de ter uma noção concreta e global sobre o incêndio da floresta e seus principais focos, decorreram três ou quatro anos. Esse trabalho de elucubração se deu de modo relativamente veloz e precoce – para uma matéria tão vasta – e, a partir daí, começaram certas ideias cujos traços podem ser encontrados hoje, em tudo quanto penso e faço.
Nesse sentido, eu tinha duas espécies diferentes de impressões: umas provinham do convívio humano e do ambiente social, enquanto outras eram causadas pelo contato com a natureza. Para mim, a nota tônica era dada pelas primeiras.
Os passageiros de um transatlântico
Eu observava as pessoas em torno de mim, sobretudo as que me eram mais próximas. Elas possuíam a mentalidade comum do meu meio social, com uma ligeira nota um tanto mais romântica e voltada para o passado, de maneira que se tratava de um ambiente o qual podia ser tido como conservador, mas ia se distanciando da tradição.
Poderiam ser comparadas a um conjunto de passageiros, que embarcaram num transatlântico e empreenderam uma longa viagem. Esse navio era o mundo moderno com suas contradições e suas influências diversas. Para formar uma ideia sobre esses acontecimentos e descrever a situação, é preciso olhar para o navio, analisar os passageiros da proa e da popa, e também os que permanecem entre uma e outra, sem olhar muito para o cais, mas sem querer ouvir descrições sobre a terra para onde rumam.
Quando o transatlântico partiu, alguns estavam na proa vendo o mar, enquanto outros permaneciam na parte de trás, dizendo adeus a quem ficava no cais. O mesmo navio da Revolução levava-os todos, pois uns e outros queriam viajar, embora tivessem atitudes diferentes. A maior parte dos que me eram chegados estavam nesse barco, dizendo adeus para a tradição e jogando-lhe beijos, vendo-a cada vez mais distante, sem lhes passar pela mente a ideia de se atirarem ao mar e retornarem a ela.
Eu nasci como passageiro, na popa do navio, e tive de resolver essa questão. A graça de Deus me ajudou a tomar a decisão de me lançar na água e nadar para o cais.
A agonia da tradição
Entretanto, houve da minha parte uma análise da situação, antes de dizer: “Vou para o cais!”
Como foi isso?
Nos “passageiros” conhecidos por mim, o que mais chamava a minha atenção era a dualidade de reações dos que ficavam entre a proa e a popa, ou seja, o contraste das influências europeia e norte-americana. Eram pessoas profundamente divididas: de certo modo, a tradição as elevava e as fazia repousar; mas, por outro lado, ela as abafava e comprimia. E, quanto mais decaía nelas a sensibilidade em relação ao que era antigo, tanto mais o progresso “esbofeteava” essa tradição nas suas almas.
Esta última ia murchando, como poderia agonizar um olhar de mãe: aos poucos, cada vez mais tristonho e menos vivo, mas sempre igualmente belo. Então, formei a seguinte convicção: “A tradição está durando mais do que os seus filhos desejariam. Eles não ousam matá-la, mas ela já está como uma velha matriarca que agoniza, quando o carnaval está chegando: todos querem que morra logo, para poderem participar da festa. Entretanto, nessa lentidão com que vai abandonando o mundo, ela ainda mostra possuir em si mesma uma seiva, a qual permite a esperança”.
Ou seja, eu via que a tradição queria florescer mais uma vez, antes da História ter dito a sua última palavra, como uma bondosa mãe que diz a respeito dos seus filhos: “Tenho ainda longos e belos ensinamentos a dar-lhes. Lutarei contra a agonia!”
Influências francesa e norte-americana
Eu notava que muitas pessoas elogiavam, com certa frequência, modas ou canções vindas ainda da França; conversavam em Francês, por exemplo, quando queriam dizer algo sem que as crianças entendessem, o que naturalmente me estimulou muito a aprender essa língua. Nessas ocasiões, utilizavam fórmulas de polidez e procuravam pôr na pronúncia todas as sutilezas nobres e delicadas do espírito francês, exprimindo os vários matizes e cores cambiantes em que a França rutila e nos quais as almas encontravam mil modos dignos, serenos e elevados de se manifestarem.
Entretanto, de vez em quando entrava em cena, nas mesmas pessoas, a influência norte-americana, e eu as notava num estado de espírito mudado. Começavam a falar Inglês, mas não com vistas à Inglaterra, senão muito acidentalmente. Nessas conversas não entravam os grandes personagens da história da Inglaterra, mas a adoração da vida de prazer norte-americana, através das lentes deformantes das câmeras cinematográficas de Hollywood: os arranha-céus de Nova York, o Chase Manhattan Bank, as pontes e os automóveis, a riqueza e o dólar!
Quando tratavam dos temas norte-americanos, em Inglês, não exprimiam os matizes de suas almas, mas os impulsos do corpo: a fome, o gosto da velocidade e, infelizmente, também as atrações contrárias ao sexto e nono Mandamentos. Era a matéria que falava, desprezando o espírito, de modo apalhaçado, superficial e carnavalesco.
As influências de épocas diferentes, a do passado e a do futuro, interpenetravam-se no interior das pessoas, sem que estas se dessem conta.
Lembro-me de uma discussão a que assisti: uma senhora de idade madura discutia com um velho tio dela. Ela era católica e ele ateu; mas, curiosamente, o tio sustentava uma posição tradicional, de boa orientação, enquanto ela defendia a modernidade. Em certo momento, ele se zangou e disse:
– Pois olhe: eu acho isso assim, e acabou-se!
Ela respondeu num francês muito bem pronunciado:
– Monsieur, donc vous n’êtes pas à la page1!
Isso queria dizer que ele não estava na página certa do livro dos acontecimentos, pois o vento batera e colocara outras páginas em foco. Entretanto, aquela expressão vinha carregada de cultura francesa e ela própria se afrancesou toda no momento de falar. Pouco antes, ela estava tomada pelo espírito yankee, discutindo a favor da tese moderna! Era como se uma pessoa substituísse a outra dentro da mesma pele, ao mudar de idioma.
Esse fenômeno não se dava apenas com as línguas, mas também com os modos de conversar, de sentar-se e de agir, em tudo.
“Pessoas-monumentos”
Poderia parecer, então, que quanto mais alguém permanecesse fora da moda, tanto mais estaria à margem das atenções, mas isso não era inteiramente verdadeiro.
Quando uma pessoa de idade se apresentava sabendo refletir, “de corpo inteiro”, a grandeza do passado, produzia um choque por onde instantaneamente “desamericanizava” os que estavam no centro do “navio”. Esses, quando passava um senhor provecto ou uma senhora com ares de marquesa, cumprimentavam-nos como se estivessem na época deles e conversavam na “clave” deles. Ele, ou ela, era como uma luz que passava e todos admiravam.
Entretanto, isso acontecia de modo transitório, pois, se eles se demorassem muito no ambiente, as pessoas saturavam-se. O desejo da velocidade, da modernidade, das sensações e das vibrações logo dominava tudo e ninguém os olhava mais. Era como um lampejo de tradição que se acendia e morria pouco depois.
Assim, por exemplo, eu observava senhoras de alto porte antigo entrarem ou saírem de salões e de igrejas, e tinha a impressão de que, quando se moviam, uma atmosfera as cercava, por onde tudo mudava em volta delas, e até os ventos que passavam por ali se tornavam mais respeitosos e mais amenos. Os sons pareciam chegar com menor brutalidade, enquanto aquela dama andava com passos pequenos e vagarosos, com o ar de um monumento ambulante. Era um estilo especial de respeitabilidade, que me encantava.
Esse tipo de senhora também “viajava no transatlântico”, mas permanecia na popa, dizendo adeus para o passado e inclusive explicando aos outros como era o cais.
Eu notava que essas “pessoas-monumentos” representavam arquétipos e exerciam uma influência benéfica, às vezes sem elas mesmas o perceberem. Várias razões me levam a conjecturar que, em muitas ocasiões, essa ação era ajudada por bafejos da graça de Deus. Talvez houvesse, inclusive, anjos ajudando a causar essas saudáveis impressões. Então, muitos “passageiros que estavam entre a proa e a popa” sentiam o passado reviver como uma saudade, à maneira de algo que lhes estava sendo arrancado, e pensavam: “Mas, é assim? Estou perdendo isso? Como é possível?” Entretanto, logo depois mudavam: “Não! Entro no ritmo da modernidade e abandono isso! Não me interesso mais por esses assuntos!”
Um menino ou uma menina daquele tempo, assistindo a essas mudanças nas mesmas pessoas, era convidado, implicitamente, a responder à seguinte pergunta: “Você, como vai ser? Quer ou não quer caminhar para a proa do navio, rumo à parte mais distante do cais? Tome posição!”
Era um drama pessoal.
De outro lado, considerando os jovens do meu tempo, eu notava que o mesmo fenômeno se reproduzia: eles não representavam a sociedade do passado, mas alguns deles estavam prontos para se fixarem na sua própria época, aderindo com certa preguiça às novidades que entravam na vida deles, enquanto outros já iam para a frente, com toda a velocidade. Esses conservadores, por sua vez, eram destinados a serem “pessoas-monumentos” num mundo já muito decaído; monumentos pífios no dia de amanhã.
Contemplando a natureza e os vestígios da ordem cristã
Ao considerar esse entrechoque da tradição romântica do século XIX e da Belle Époque com o vento norte-americano que começava a soprar, eu confrontava também essa situação com a natureza.
Então, eu olhava para o céu, o mar, os rios, as flores, e me perguntava: “Além das pessoas desta época, existe a obra de Deus eterno, na qual o homem não conseguiu mexer: este mar pode ser contaminado com gasolina, mas é tão grande que dissolve o combustível na cólera de uma onda, leva embora a poluição e volta ao seu esplendor; este céu nos aparece rutilante de estrelas, ou muito azul, ou carregado de nuvens, com sua feeria eterna e constantemente renovada. Então, ali na montanha, no rio, na vegetação ou nos animais, esse problema tem repercussão, ou não?”
Na atmosfera límpida daquele tempo, o sol esplendoroso da tardinha banhava os grandes jardins dos palacetes dos Campos Elíseos2, onde cresciam enormes árvores, em cuja galharia os pássaros chilreavam num pipilar contínuo, como se cantassem o conforto e o sossego da noite que chegava, ou a beleza do Sol que se retirava preguiçosamente, deitando seus últimos raios em todas as direções, antes de desaparecer.
Eu olhava e compreendia que ainda existiam muitos vestígios da antiga ordem cristã, presentes naquelas coisas boas, belas, sérias e aprazíveis, as quais entretanto não eram perfeitas, pois haviam sido mais excelentes outrora.
E pensava: “Tudo isto não pode sumir por completo! Dir-se-ia que há uma analogia entre a preguiça com a qual o Sol vai recolhendo os seus raios, um a um, para se retirar nas incógnitas da noite, e os restos da tradição que deixam o presente com lentidão e tristeza, como quem diz: ‘Realidade, não me abandones! Eu gostaria de viver’”.
Nas praias de Santos
Também quando ia a Santos, sentia todas as belezas do mar.
Aos meus olhos, aquele panorama parecia grandioso. Os meios mecânicos de transporte ainda não tinham degradado o mar e ele conservava algo de ameaçador, incutindo medo naqueles que navegavam.
As grandes praias, desertas ou frequentadas por pessoas vestidas com todo o pudor; o rumor das ondas que entravam em ordem dentro da enseada, junto à qual se abrem dois blocos de colinas como enormes braços; o aroma da areia molhada e da maresia que o vento trazia; os sorrisos do mar, brilhando à luz das quatro horas da tarde e no crepúsculo das cinco ou das seis horas; a linha última, onde o mar se encontra com o céu e que me deixava intrigado; tudo isso se me apresentava como uma beleza e me encantava. Toda a grandeza do oceano parecia afunilar-se ali, em ondas progressivas, para inundar aquelas zonas e morrer nas praias de Santos.
A alguma distância, do lado de Guarujá, havia uma ilha de um granito vagamente rosado, com certa nota de tragédia, quase colada ao continente: Ilha das Palmas. Dizia-se que ali estava instalado um hospital de doentes contagiosos. Então, o infortúnio daqueles que eram isolados, colocados no extremo da terra e do convívio humano, e somente ouvindo as ondas do mar, parecia-me fascinante. Apesar de ter muito medo do contágio, eu olhava a ilha maravilhado, pensando nas meditações que ali se pudessem fazer.
Pensava e percebia a contradição entre a obra de Deus e toda a vida yankee que vinha se desenvolvendo. Então, olhando para aquilo, refletia: “Como isso é diferente da coisa americana! Como esse panorama é pensativo, profundo, grandioso, infatigável, incessante, carinhoso, jeitoso e discreto, mas solene! Oh, o mar! Que maravilha! Mas como é minha alma, que comporta tudo isso? Como é a alma comprimida, achatada e passada na plaina por essa nova mentalidade, tão rasa, tão lisa, tão banal e tão corriqueira, de tantos daqueles da minha idade, que eu conheço? Que mundo está sendo preparado! Quanta banalidade!”
Lembro-me da impressão que me causavam certas ondas: aquelas toalhas de água se estendiam sobre superfícies mais ou menos longas e quebravam a certa altura. Depois, quando a maré baixava, elas eram atraídas para trás, como por uma força misteriosa, e refluíam, refluíam, refluíam… Assim também, havia na sociedade uma onda enorme que entrava: era a influência norte-americana. E existia uma onda que recuava: a influência europeia.
Eu sentia a afinidade daqueles aspectos do mar com o passado, notando, porém, que algo nesse passado também não conduzia a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Igreja Católica, mas deles se afastava. Nessa bandeira das saudades, movida a ventilador, nem tudo era bom odor, mas havia uma espécie de pré-veneno psicológico: o romantismo.
Este tomava os que eram ainda sujeitos à influência europeia decadente e os enleava, de maneira que os melhores eram desnorteados pelo romantismo, enquanto os menos bons eram perdidos pelo americanismo. Diante de meus passos pareciam abrir-se dois caminhos de perdição.
Que efeitos produzia em mim tudo isso? O que era o passado? Era uma sereia a mais para cantar o cântico da perdição, ou trazia verdades consigo? Nesse coro do passado, quem cantava mais: a tradição ou o romantismo?
Então, era preciso selecionar e tamisar. Não era suficiente dizer “não” à influência norte-americana. Eu precisava voltar-me para a influência europeia e estabelecer nela uma distinção. Mas, como rejeitar o rejeitável? Como conservar o que deveria ser mantido? Eu tinha mais empenho em rejeitar o rejeitável do que em conservar o conservável, pois, se aceitasse alguma coisa censurável, ela me envenenaria por inteiro e trincaria a minha fidelidade, que eu desejava preservar adamantina.
Então, qual era o critério? A Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Para voltar à metáfora da floresta em chamas, a Igreja era como um vasto e longo rio de quase dois mil anos, feito de água benta e nascido de muito mais alto do que o Paraíso: da chaga do lado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nas suas nascentes, esse rio fora protegido pelo desvelo e pelo amor de Nossa Senhora, e ele cortava a floresta, impedindo que o fogo se propagasse.
Pelo desejo de ser fiel a esse ponto fixo, eterno e imóvel, que é a Igreja, fonte de ordenação e de equilíbrio em tudo, fui levado a perguntar-me qual era a verdadeira posição dela face a esses problemas e a procurar entendê-la. À medida que ia maturando, compreendendo melhor a Religião e tirando consequências da doutrina católica, eu era visitado pela graça de Deus e convidado pela Fé a tomar uma atitude que, sem ser inteiramente a dos antigos, tinha muito dela, mas, sobretudo, era oposta à dos modernos e, portanto, não se identificava com nenhuma das duas.
Esse trabalho não era feito de modo intencional, mas quando eu estava sozinho, olhando uma concha ou um caramujo, na praia, por exemplo, vinham-me à tona essas considerações e eu as analisava longamente.
E percebia que essa revolução cultural era muito veiculada por uma potência que nascia e deveria tomar conta do mundo: o cinema.
1 “Então, o senhor não está na página certa!” – em tradução livre.
2 Bairro aristocrático de São Paulo, onde Plinio viveu durante sua infância e juventude.
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