Correspondência particular
Correspondência Particular
[Ao Pe. Castro e Costa, SI]
Ao caro Mestre e Professor
P. Castro Costa1
Peço permissão para dirigir-lhe esta carta agradecendo a paciencia e a bondade que teve commigo no anno passado.
Prometto-lhe continuar este anno com mais applicação e força de vontade.
Peço-lhe recommendar-me aos meus outros mestres desejando-lhes um grande numero de bons alumnos.
O alumno que muito o respeita.
Plinio Corrêa de Oliveira
São Paulo, 27 de II-1920.
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Quasi adorada maezinha
Já antes de sahir senti tantas saudades que lhe deixo aqui 500.000 beijos. Esteja sossegada. Logo que chegar eu lhe telephonarei. Eu levei meu capote. Eu volto amanhã durante o dia.
100.000.000.000.000.000 de beijos e abraços de
Pigeon2
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Meu Amorzinho
Como vae a Senhora? Não pergunto por vovó3 porque sei que ella está rija e forte como uma digna bandeirante.
Porque não respondeu á carta que lhe escrevi?
Vovó recebeu a della? Imagine que eu queria por as 2 cartas em 1 só envelope porem esqueci‑me e puz só uma.
Estou muito alegre por esperar que a Senhora venha logo com Vovó pois seria inutil descrever o aspecto da casa sem as Senhoras.
Recebeu a recomendação do Post Scriptum da carta de Vovó? Espero que tenha sido tomado na devida consideração.4
Por aqui nenhuma novidade.
Rosée5, papae e eu vamos muito bem.
Muitos abraços a Tio Gabriel6 e acceitem Vovó e a Senhora muitos beijos do filho e neto que lhes pede a bençam e muito as quer
Plinio
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Meu Queridissimo amorzinho
Recebi hoje com muita saudades a sua carta porem ao sentimento intenso de saudades se superpoz outro, o de resentimento. Será possivel, Mãezinha, que a Senhora pense que não sinto saudades suas pelo simples facto de lhe ter escripto uma carta que não foi nem recebida e nem respondida? Será possivel que a Senhora pense que si não lhe escrevi mais é por não ter tempo pois que continuamente me divirto. É bom, meu amor, que a Senhora tome em consideração o facto de eu só ter estudado e nada mais e que a meus estudos que de per si já eram muito apertados (fazem-me levantar ás 6 até nos domingos para estudar e obter boas notas que tanto a alegram) veio a se acrescentar o de philosophia muito mais intensificado por causa do supremo […] Tribunal Federal […] e a vasta Literatura internacional. Dito isto que parece-me mais que suficiente não só para neutralizar sua opinião a meu respeito como para fazer voltar ideias contrarias, quero informar-me de sua saude e de seu “figadorio” pois que já tratamos de seo coração injustamente magoado.
Como vae vovó. A casa sem as Senhoras é triste como um tumulo e quem salva a situação é Rosée.
Quando é que as senhoras voltam?
As relações que a Senhora me arranja já não me deixam mais socego. […]
É excusado dizer que esta carta é para vovó e para a Senhora pois que as duas em meu coração estão no mesmo pé.
Abraço e beijo-as com carinho effusivo e peço-lhes a bençam.
Plinio.
[A José Pedro Galvão de Souza7]
São Paulo, 1930
Meu caro José Pedro
Foi com grande satisfação que recebi sua carta, portadora de interessantes informações a respeito do ambiente carioca.
É efetivamente em D. Leme, que vejo o instrumento mais eficaz da Divina Providência, em todos estes sofrimentos que nos assoberbam.
Cada vez mais se acentua em mim a impressão de que estamos no vestíbulo de uma época cheia de sofrimentos e lutas. Por toda a parte, o sofrimento da Igreja se torna mais intenso, e a luta se aproxima mais. Tenho a impressão de que as nuvens do horizonte político estão baixando. Não tarda a tempestade, que deverá ter uma guerra mundial como simples prefácio. Mas esta guerra espalhará pelo mundo inteiro uma tal confusão, que revoluções surgirão em todos os cantos, e a putrefação do triste “século XX” atingirá seu auge. Aí, então, surgirão as forças do mal que, como os vermes, somente aparecem nos momentos em que a putrefação culmina. Todo o bas-fond da sociedade8 subirá à tona, e a Igreja será perseguida por toda a parte. Mas… Petrus, tu es petra et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam, et portae inferi non praevalebunt adversus eam9. Como conseqüência, ou teremos un noveau moyen âge10, como preconizava Berdiaeff, ou teremos o fim do mundo.
Que parte terá o Brasil nisto tudo? Que parte teremos nós? Eis questões cuja solução pertence apenas à Divina Providência. No entanto, ao invés de imitarmos os Apóstolos que dormiam no Monte das Oliveiras, enquanto Jesus estava na iminência de ser preso, nós devemos “vigiar e orar”11. Eis nossa principal tarefa. Prepararmo-nos para a luta, e preparar a Igreja, como o marinheiro que prepara o navio antes da tempestade.
Mas do que valem os poucos católicos que temos, para tudo isto? Recurso ao sobrenatural, eis aí a única salvação.
Bem sei que a civilidade impede que se mande uma tal carga de pessimismo a um colega que veraneia no Rio. Mas a História não obedece à civilidade. Por isto, devemos, no prever os acontecimentos, ser oportunos ou importunos, indiferentemente.
Peço-lhe que me recomende muito atenciosamente aos seus, e que aceite um apertado abraço de seu amigo em Nosso Senhor.
Plinio
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira12]
+
(IHS)
Rio de Janeiro 15/7/1930
Queridissima Mãezinha do meu coração
Escrevo-lhe cheio de saudades. Pode a Senhora se convencer de que foi injusta, quando me disse que eu me esqueceria de si, logo ao dobrar da primeira esquina.
De facto, a todos os numerosos prazeres que Deus me tem dispensado nesta viagem, está constantemente annexo o desgosto de não ter sua companhia para melhor os apreciar.
A viagem até a Apparecida foi optima. O tempo esteve excellente, e eu absolutamente não enjoei.
Fizemos a viagem em 5 horas, contando o tempo que empregamos em substituir 3 cameras de ar, que estouraram. Eu, felizmente, fui prohibido por Monsenhor13 de mecher em um parafuzo, sequer, de modo que não mechi 1 palha para concertar as taes coisas. O irmão de Msnhr.14 e o chauffeur fizeram todo o serviço sozinhos.
Msnhr. tem sido incansavel em me dispensar provas de carinho. Tem, mesmo, estado verdadeiramente affectuoso. Meteu-se na cabeça de pagar tudo e teria pago até as refeições, se não fosse eu protestar violentamente. Durante a viagem toda, esteve com uma verdadeira obsessão de meu conforto, e tratou-me como sí eu fosse de vidro.
Na Apparecida, rezei muito por todos, depois da Missa e Comunhão.
A impressão que eu recebi da Apparecida, foi optima. Nunca senti tanto fervor.
Accendi em intenção de vovó 1 vela, e outra por nós 6.
As minhas impressões do Rio são complexissimas. Ainda conversaremos a este respeito.
Em todo o caso, estou passando optimamemente e gostando muitissimo daqui, embora como já lhe disse, a unica coisa que empana minha alegria é a saudade de minha Maezinha. Quanto ao mais, minha alegria é completa. Isto é uma delicia.
Visitei, hoje, as Egrejas de Candelaria (portas maravilhosas, o resto rico e bonito), a bellissima Cathedral (estylo barroco de incomparavel majestade) e a Egreja de São Bento, a coisa mais deslumbrante que jamais tenha visto. É tão bonita que seria inutil e ridiculo descrevel-a.
Fui, depois, aos Jesuitas, meus caros Jesuitas tão amigos de Tio Adolpho. Encontrei lá, entre outros, o Pe. du Dréneuf15, que, com os demais, muito me festejou.
Jantei com Monsenhor e o José Pedrosa, optimamente, no Sul America, isto é, Rotisserie.
Estou chegando da Cinelandia.
Procurarei amanhã pela parentela.
Até logo, meu queridissimo bemzinho. Acceite milhares de beijos do filho que muitissimo a respeita e quer, e lhe pede a bençam
Pigeon
Lembranças a Vovó, Rosée, Aº, Mª Aice16, Tia Y.17, Tio A., Dora18, e criadagem.
N.B. Descobri aqui uma rua Corrêa de Oliveira, importante travessa da R. do Catete.
Subio-me pigarro á garganta……..
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
+
(IHS)
Queridissima Maêzinha
Estou já no meu camisolão, depois de um dia cheio das mais agradaveis impressões.
Fui de manhã á Bibliotheca Nacional, onde poude ver uma organisação admiravel, e um conjucto de livros antigos, verdadeiramente imponentes. Admirei, entre outras preciosidades bibliograficas, a primeira edição dos Luziadas e uma Biblia de 1480 ou 90 +/-. Depois de um almoço optimo no Heyme, fui á Gruta da Imprensa, de auto. É a mais bella coisa que tenha visto, em materia de panorama. Fui, depois, a uma longa, longuissima, mas agradabilissima reunião de catholicos illustres. Jantei optimamente, e fui visitar o Primo Pe. Luiz. Encontrei-o muito bem, mas avelhantado. Muito me agradou, etc.
Dei, depois, um gyro na Av. Central e estou de volta agora, 12 hs + ou – depois de um sorvete de damasco em uma confeitaria c/ cadeiras na rua.
Como vae minha maezinha, de quem estou tão saudoso?
Lembranças a todos e 1000000000000000000000000 de beijos do filho que, com o mais carinhoso respeito lhe pede a bençam
Pigeon
__________
Papae escreveu-me dizendo que achou “esfarrapada” minha desculpa por não o ter acompanhado á estação. Faça-me o favor de lhe transmittir a inclusa resposta.
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira19]
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(IHS)
Minha queridissima Mãezinha
Não fossem as immensas saudades que sinto de todos, e particularissimamente da Senhora, e tambem o receio de que seu pessimismo esteja arruinando sua saúde, e eu me sintiria perfeitamente bem nesta bellissima e confortavel fazenda.
Os panoramas são lindos. Tem-se a impressão perfeita de estar vendo uma vista tyroleza.
Aquella amenidade europeia da natureza é aqui encontrada em todas as paysagens. Nunca pensei que isto aqui fosse tão estupendo.
A casa é uma habitação em estylo brasileiro antigo, e conta mais de 100 annos. Tem umas fechaduras enormes, com chaves colossaes, o que é muito interessante. Está a habitação perfeitamente “amenagée”20, com luz electrica, agua corrente e encanada e todo o conforto possivel. Tomamos, até, banhos quentes!!!
Não lhe escrevi há mais tempo, porque as communicações com a villa são muito difficeis. Dista a Villa de Capivary uma hora daqui. O matto aqui é muito denso e temos feito de manhã alguns passeios. Por isto, só lhe escreverei uma ou duas vezes por semmana.
André tem sido para comnosco de uma amabilidade perfeita. Tem nos tratado com uma sollicitude extrema, e com a maior gentileza. A mesa é excellente, e temos comido com um apetite extraordinario. Já entrei em um leitão e em um cabrito. Ando mais corado do que nunca!!
O clima tem sido excellente, e muito temperado.
Para maior tranqüilidade sua, tenho a declarar que tenho sido de uma prudencia absoluta, no resguardo de minha saúde. Tenho tomado toda a cautela no observar o intervallo entre os banhos e as refeições (diga-o a Rosée), e tambem me tenho resguardado de ventos encanados, etc, etc, inclusive de balançar em cadeiras que não são de balanço. […]
Este repouso, para minha cabeça, será optimo. Não tenho ainda começado a ler, para approveitar a opportunidade de descansar bem.
Communguei em Pinda21, e ouvi uma Missa. Rezei muito, e especialmente a Senhora sabe por quem. Aqui, não ha Igreja nem Capella; não posso, portanto, Commungar nem ouvir Missa. No entanto, tenho rezado muito, por toda a familia, e pelo Brasil.
Como vai Vovó? Já sarou perfeitamente, e está calma?
E Maria Alice? Espero que a coitadinha já esteja perfeitamente restabelecida. Com certeza, a operação já foi adiada. Nestes tempos, não é opportuno fazel-a.
Quanto a Papae, Rosée, Antonio e os de Tia Yayá, espero que ande tudo bem.
Como vai Tio Augusto22?
Aº Caio23 já organizou o tal negocio? Como vão os delle?
A Tia Zili24, um affectuoso beijo e aos demais, abraços.
Vamos, agora, à Sra. Espero que tenha a sufficiente dose de espirito religioso requerida pelas circunstancias. A Esperança é uma virtude que decorre da Fé.
Daquelles a quem Deus dá Fé, Elle proprio exige Esperança. Espere, portanto, em Deus, porque nenhum fio de cabelo cahe de nossa cabeça sem que Elle consinta. E, sendo assim, que temos nós a receiar, quando somos protegidos por um Deus de Poder e Misericordia infinitos? A Sra., que gosta tanto de se orientar pelos principios de Vovo Ribeiro25, deve lembrar-se da grande confiança que elle tinha em Deus, a ponto de dar seus ultimos 2$000 a um pobre, certo de que nada lhe faltaria, emquanto não lhe faltava a graça de Deus! E a Sra. que, ao contrario delle, frequenta os Sacramentos, deve ter em Deus uma confiança ainda muito maior.
Commungue assiduamente, mas sem sacrificio para sua saude, e reze muito a Nossa Senhora. O resto se arranjará.
Mande affectuosíssimos abraços a Papae, Rosée, Vovó e Maria Alice. A Antonio, um apertadíssimo e fraternal abraço. À Tia Yayá, Tio Adolpho, Dora, e Adolphinho26, muitos abraços e saudades.
A todos os demais da familia, o mesmo.
Para a Sra., finalmente, todo o meu coração, todo o meu affecto, todo o meu carinho e todo o meu respeito. Abençoe o filho que tanto a quer.
Meus campanheiros pedem que, caso haja portador para cá, se telephone a suas casas, para saber si querem que se mande alguma coisa.
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Minha querida Maezinha
Escrevo-lhe esta, para lhe enviar um afectuosissimo beijo, e lhe pedir que se lembre de que é catholica, e de que a protecção de Deus nunca lhe faltará.
Communguei hoje aqui, e rezei muito pela Sra e por todos os nossos. Jesus me attenderá.
Muito cuidado com o figado. Diga a Rosée, a quem envio um carinhoso Beijo, que não se esqueça de meu pedido; ella sabe de que se trata.
Envie a Papae e a Rosée, affectuosissimos beijos. Outro tanto para Vóvó, M. Alice e Antonio.
Para a Senhora, meu bem, todo o meu coração. Até breve. Abençoe o seu
Filho
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Rio de Janeiro 7 de julho de 1931
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(IHS)
Minha Queridíssima Maezinha
É com uma immensidão de saudades, que lhe escrevo. Espero que a Senhora esteja passando bem, a despeito da falta das prosinhas de meia-noite. […]
Ainda não tive tempo para fazer uma pequena parte, siquer, do que pretendo. No emtanto, estou contente, porque as “futricações” e as “chuchadas” estão indo como eu desejava. Estou preparando um “charivari”27 linguistico e jornalistico de primeira ordem para a Igreja. Mas será uma coisa muito pacifica e, si Deus quiser, proveitosa.
Tenho comungado diariamente, e rezado pela Sra.
Estou achando deliciosa esta temporada. Até como repouso está sendo maravilhosissima.
Envie a Rosée e Papae muitos abraços e beijos, e ao Antônio muitos abraços, bem como a vovó e aos demais. Abençoe e receba os mais numerosos e carinhosíssimos beijos de seu filho muito saudoso,
Plinio
N.B. Como vai a “Nene”? Béija-a muito de minha parte.
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Rio de Janeiro 8 de Julho de 1931
Minha Mãezinha Queridissima
Estou gostando immensamente do Rio! Estou como um peixe na agua: politicando um pouco, e vivendo num ambiente altamente intelectual. […] Irei à Nunciatura Apostolica. Depois do almoço […] irei visitar o Pe. Leonel Franca.
Conto com o auxilio deste (que é um dos “cotadissimos” no Ministerio da Instrucção), para retirar meu diploma, que me tem custado muito tempo. […]
O $ que trouxe tem dado e sobrado muito bem. Hontem comi uma mayonnaise de salmon magnifica!
Vou hoje à tarde visitar o Ministro Chico Campos28, com o Tristão. Depois, será a vez do Pandiá Calogeras29, do Bevilaqua30 e do Pontes de Miranda31. O Arlindo Luz, com quem Tio Gabriel me pedio que fallasse, está em S. Paulo. Si elle voltar ao Rio antes de minha partida, irei ter com elle.
Diga a Antonio que sobre o negocio delle tambem estou providenciando.
Acceite, meu bem, uma multidão de affectuosissimos abraços e beijos, e abençoe seu queridissimo filhão
Plinio.
Abraços e beijos a Rosée, Papae, Vovó, Mª Alice e Antº.
[A D. Lucilia Corrêa de Oliveira]
Rio de Janeiro 10 (?)-VII-193132
+
(IHS)
Minha Queridissima Maezinha
Deploro a noticia que me deu Rosée, de que só hontem a Senhora recebeu uma carta minha. Effectivamente, eu lhe escrevi no dia immediato ao de minha chegada. E nem foi esta a unica carta que lhe escrevei, pois que o total sobe a 2 ou 3.
Foi para mim uma surpresa, o encontrar Rosée, Dora e Aº aqui. Será para mim, um transtorno sensivel o modificar a data de minha partida. Mas a Senhora o quer….. logo eu o faço com muito gosto, no celebre estylo do : “Já vou, querida” que eu lhe dirijo quando a Senhora me acorda.
Este pessoal do Rio tem sido para commigo de uma gentileza pasmosa. […] Vou almoçar c/ o Svend e o Jé Pedro, agora, num restaurant “Juá”, onde a vista é linda. […]
Só sinto é não ter aqui sua companhia.
Abençoe, e receba milhares de beijos e abraços de seu filho, que a quer e respeita immensamente
Plinio.
1) (N. do E.) O Pe. João de Castro e Costa, SI, era o professor de Português do Autor, no Colégio São Luís.
2) (N. do E.) Durante a viagem da família Ribeiro dos Santos à Alemanha, em 1912, o Autor, então com três anos, durante uma refeição no restaurante do hotel, apreciou enormemente os pombinhos que foram servidos e comentou o fato alegremente com sua mãe, D. Lucilia.
O garçon, que não sabia português, entendeu a palavra pombinhos de modo imperfeito, Pimbin, e acrescentou o sufixo chen, que em alemão é diminutivo. A partir desse dia, passaram a preparar de modo habitual pombinhos para as refeições e, já ao chegar à porta, o garçon estendia a bandeja em direção ao menino e anunciava, e modo muito sorridente: “Pimbinchen!”
À força de ouvi-lo, Plinio pensou que Pimbinchen fosse a palavra alemã para pombinho, e a empregou muitas vezes. D. Lucilia achava graça e não o corrigia. De futuro, na intimidade afetuosa do lar, que se refletia nas cartas, tratará seu querido filho de Pimbinchen, ou de Pigeon, pombo em francês.
3) (N. do E.) D. Gabriella Rodrigues dos Santos, mãe de D. Lucilia.
4) (N. do E.) Forma de gracejo habitual no tempo em que foi escrita a carta.
5) (N. do E.) Apelido familiar de D. Rosenda, irmã do Autor.
6) (N. do E.) Dr. Gabriel Ribeiro dos Santos, irmão de D. Lucilia.
7) (N. do E.) O Autor não havia guardado cópia da presente missiva. Foi o próprio Sr. José Pedro quem lhe enviou cópia dela, em 1982. A este, escreveu Dr. Plinio a seguinte carta de agradecimento:
“São Paulo, 5 de novembro de 1982
Meu caro José Pedro
Recebi, sensibilizado, o xerox da carta que lhe escrevi para o Rio, em 1930. A leitura deste texto fez-me recordar as nossas saudosas conversas na biblioteca da Congregação Mariana de Santa Cecília, as quais sempre tenho em mente, como marco inicial de uma ação apostólica que acaba não saindo menos carregada de sofrimentos, do que me parecia em 1930 que encontraríamos.
Quanto ao futuro, ainda pende diante de nós… Nossa Senhora da Divina Providência velará pelo êxito da Causa dEla.
Agradeço-lhe igualmente a referência à entrevista que dei recentemente à “Folha de S. Paulo”. Alegro-me verdadeiramente que ela lhe tenha agradado.
Proponho-me ler com interesse o trabalho que você apresentou à Semana francana. A princesa da Beira é uma figura que todos nós homenageamos como muitíssimo respeitável, e sobre a qual me agrada muito ter algum material de leitura. O seu deve ser muito bom.
Recebi também o seu Catecismo expositivo “Para conhecer e viver as verdades da Fé” que constitui um belo repositório das principais verdades da nossa Fé, de acordo com as melhores formulações dos Catecismos tradicionais e que muito apreciei.
Com cumprimentos à D. Alexandra, abraça-o cordialmente
Plinio”
8) (N. do E.) Escória da sociedade, ralé da sociedade.
9) (N. do E.) Cf. Mt 16, 18.
10) (N. do E.) Uma nova Idade Média.
11) (N. do E.) Cf. Mt 26, 41.
12) (N. do E.) Em julho de 1930 viajou Dr. Plinio ao Rio de Janeiro, a fim de travar contato com líderes católicos da Capital Federal. Escreveu então esta carta a D. Lucilia, contando as peripécias do percurso, bem como a passagem por Aparecida.
13) (N. do E.) Mons. Paulo Marcondes Pedrosa, pároco da igreja de Santa Cecília.
14) (N. do E.) José Pedrosa, irmão de Mons. Pedrosa.
15) (N. do E.) Pe. João Batista du Dréneuf, SI (1872-1948), reitor do Colégio S. Luís, em São Paulo, na época em que o Autor lá estudou.
16) (N. do E.) Dr. Antônio de Castro Magalhães, esposo de D. Rosée; e D. Maria Alice, filha de ambos.
17) (N. do E.) Tia Yayá. Assim era tratada entre os familiares D. Eponina Ribeiro dos Santos, irmã de D. Lucilia.
18) (N. do E.) Dr. Adolpho Lindenberg, esposo de D. Yayá; e Dora, filha de ambos.
19) (N. do E.) Durante a permanência de Dr. Plinio numa fazenda no interior de São Paulo eclodiu a revolução de 1930. Ouvindo rumores a respeito de uma mobilização geral dos homens em idade militar, escrevera D. Lucilia uma carta a seu filho, preocupada com seu bem‑estar. Este prontamente respondeu à carta para fazer cessar o quanto antes a aflição dela.
20) (N. do E.) Arrumada, organizada.
21) (N. do E.) Pindamonhangaba.
22) (N. do E.) Dr. Augusto Rodrigues dos Santos, tio de D. Lucilia.
23) (N. do E.) Primo do Autor, filho do Dr. Gabriel Ribeiro dos Santos e de D. Gabriela Procópio Junqueira.
24) (N. do E.) D. Brazilina Ribeiro dos Santos, irmã de D. Lucilia.
25) (N. do E.) Dr. Antonio Ribeiro dos Santos.
26) (N. do E.) Dr. Adolpho Lindenberg (filho), primo do Autor.
27) (N. do E.) Algazarra, tumulto.
28) (N. do E.) Francisco Luís da Silva Campos (1891-1968) – jurista e político mineiro, várias vezes ministro de Estado. De 1937 a 1945 ocupou a pasta da Justiça, quando redigiu a Carta do Estado Novo, que substituiu a Constituição de 1934.
29) (N. do E.) João Pandiá Calógeras (1870-1934) – estadista e historiador fluminense. Secretário da Agricultura de Minas Gerais, deputado federal, ministro da Agricultura, da Fazenda e da Guerra (único civil a ocupar tal cargo). Chefiou a delegação brasileira na Conferência da Paz em Versalhes, em substituição ao Presidente da República, Epitácio Pessoa. Deputado Constituinte em 1934.
30) (N. do E.) Clóvis Beviláqua (1859-1944) – cearense, um dos maiores juristas brasileiros, com várias obras publicadas.
31) (N. do E.) Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda (1892-1979) – jurista, diplomata e escritor alagoano.
32) (N. do E.) A interrogação é do próprio Autor.
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