Os sacramentos e a vida espiritual
Os sacramentos e a vida espiritual
“Dr. Plinio, o senhor diz todas essas coisas, que me convencem, mas não me vencem; na hora dura do sacrifício, sei que não vou ter coragem, e, depois de ouvir o senhor, saio daqui mais desanimado.”
Frequência aos Sacramentos, confiança em Nossa Senhora e oração
Explico-lhe: “Se você é ateu, há uma certa lógica dentro do seu péssimo ateísmo. Mas se é católico apostólico romano, deve saber que o católico recebe uma ajuda sobrenatural de Deus, que dá ao homem de vontade fraca força para se vencer”.
Rogando a graça por meio de Nossa Senhora, sempre obtemos tudo o que pedimos de bom, conseguimos realmente a graça necessária para nos vencermos. É preciso ter essa convicção inteiramente, apaixonadamente, entusiasmadamente. Eu sou fraco, e se contar com as minhas meras forças não consigo nada. Esta é a doutrina católica. Se um homem de minha idade passasse a vida inteira no cumprimento perfeito dos Mandamentos porque a graça divina o apoiou, de repente afirmasse que fez isso pelas suas forças e não precisa da graça de Deus, ele pecaria no dia seguinte, se é que não fosse daqui a cinco minutos.
A fonte da perseverança do homem no bem não reside principalmente na sua vontade. Esta é indispensável, mas ele só tem força quando sobre essa vontade pousa a graça de Deus; pela graça divina o homem é capaz, tem meios, forças para fazer toda espécie de sacrifícios.
Então, essa coesão entre a lógica, de um lado, e o entusiasmo, do outro lado, se obtém, sobretudo, pela graça de Deus que penetra em nós e nos torna retos. Quando os nossos sentidos, nossos impulsos são bons, e queremos aquilo que é reto, pedindo a Nossa Senhora obtém-se essa retidão. E no homem reto o entusiasmo e a lógica são irmãos.
Tudo isso conflui para a frequência aos Sacramentos, a oração intensa, o desejo ardente de que Nossa Senhora nos ajude. E para uma confiança muito grande n’Ela. Rezamos para a Santíssima Virgem, mas abusamos da graça que Ela nos consegue e pecamos. Sabemos que, pedindo perdão, a Mãe de Deus perdoa sempre, e atende o nosso pedido de outras graças. Assim Ela vai sempre nos atendendo, até um certo dia em que as graças são tantas que nós nos levantamos e declaramos com alegria: “Eu agora sinto que não vou mais pecar”.
Nenhum homem tem o direito de ser ilógico para cultivar o entusiasmo, nem estrangular o entusiasmo para ser lógico. O homem deve encontrar esse fio de ouro, que faz o nexo entre o entusiasmo ordenado e a lógica. Dessa forma, quanto mais entusiasmado será mais lógico, quanto mais lógico, mais entusiasmado.
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 24/10/1987)
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